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Pesquisa mostra dinâmica imobiliária e espacial de Juiz de Fora em 60 anos

Dados deram origem a tese de doutorado da professora Silvia Augusta do Nascimento, do Núcleo de Gestão do Campus JF.

Juiz de Fora possui atualmente 81 bairros, distribuídos em sete Centros Regionais. Todos eles foram analisados pela professora Silvia Augusta do Nascimento, do Núcleo de Gestão, a partir de seus processos de urbanização, de suas histórias de formação e perfis socioeconômicos. Os resultados deram origem a tese de doutorado “Dinâmica Imobiliária e Estruturação Espacial da Cidade de Juiz De Fora, MG: um panorama de longo prazo, 1950 a 2010” apresentada no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Os dados destacam as regiões Oeste e Sul. A primeira se caracterizou como o maior eixo de expansão da cidade, onde a oferta de terrenos, casas e apartamentos se intensificou, apresentando uma valorização considerável e se consolidando como opção para a classe de mais alta renda, que ocupa os “condomínios fechados” da região. Já a segunda teve um forte adensamento, seguido por uma verticalização e valorização de seus apartamentos e casas. De acordo com Silvia, esses avanços estão diretamente ligados às intervenções públicas e privadas realizadas nas últimas décadas.

Os eixos Norte e Nordeste apresentaram estoques de terra até o final do período estudado, fato indicado pelo número de ofertas de terrenos. Já a região Sudeste teve em quase todo o período da pesquisa números pouco expressivos, denotando uma estagnação. As regionais Leste e Norte passaram nos últimos 20 anos por um intenso adensamento, acompanhado de verticalização; e a parte central da cidade permanece ainda sendo uma das áreas mais adensadas e verticalizadas.

A partir desse estudo de caso de Juiz de Fora, pesquisa mostrou que é possível retratar a expansão socioespacial urbana de uma cidade através das ofertas de imóveis anunciadas em um longo período de tempo e abrangendo as várias regiões. Esses dados são relacionados com a observação das intervenções e políticas urbanas e o contexto socioeconômico destas áreas. “Não podemos modificar o passado, mas devemos nos empenhar em criar meios para que o nosso futuro seja melhor, onde o crescimento das cidades não venha agravar as diferenças sociais e evitar que estas estejam divididas em guetos. Devemos buscar direcionar nossos esforços para criar cidades mais justas, que possam ter mecanismos jurídicos e políticos capazes de torná-las mais humanas e agradáveis”.

 

Desdobramentos da pesquisa

A professora explica que os dados obtidos em sua tese podem servir de base para pesquisas futuras como, por exemplo, entender melhor a evolução da cidade por subtipos de imóveis multifamiliares (um, dois, três e mais quartos, apartamentos de cobertura etc.) ou, ainda, se este crescimento tem ligação com a alteração do perfil socioeconômico das áreas estudadas. “Esta pesquisa, e a consequente formação do extenso banco de dados, constituiu-se no primeiro esforço para a criação de um laboratório da dinâmica imobiliária da cidade de Juiz de Fora, que pretendendo empreender nos próximos anos com meus alunos do curso de Transações imobiliárias e em conjunto com outras Instituições parceiras”.

 

Por Pedro Lima

 

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