Pesquisa
“Emoção temperada com felicidade, gratidão e esperança”, diz professor ao receber prêmio Capes de Teses
O professor Wagner da Cruz Seabra Eiras, do Núcleo de Física, esteve em Brasília, na última quinta-feira, dia 10, para receber Prêmio Capes de Tese 2020 na área de Educação. “Uma emoção temperada com felicidade, gratidão e esperança. Felicidade pelo reconhecimento do meu trabalho pela Capes, dentre tantos outros pesquisadores dedicados à educação”, comemora.
Para o desenvolvimento trabalho “Protagonismo autônomo de crianças por meio de brincadeiras científicas investigativas na Educação em Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, o professor Wagner conta que contou com o apoio de vários agentes. “Gratidão ao Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Campus Juiz de Fora por incentivar e viabilizar a minha qualificação; ao Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação e ao Centro de Ciências, ambos da UFJF, pelo acolhimento no meu doutoramento; e à escola pública municipal Murilo Mendes, embrião da minha pesquisa; todas elas instituições públicas gratuitas, de qualidade, para todas e para todos”.
O professor cita o educador e filósofo Paulo Freire ao falar sobre o futuro da educação. “Por fim, uma emoção também temperada pela esperança que nossos governantes promovam ações referenciadas pelo pensamento de um dos maiores educadores brasileiros, respeitado e admirado por aqueles que o compreendem: “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”.
Sobre a tese
A partir do estudo realizado sobre protagonismo infantil e da análise da participação das crianças nas atividades com brinquedos científicos, Wagner considerou que o protagonismo pode acontecer em dois níveis: orientado, quando a criança ocupa o papel principal em um acontecimento, a partir da orientação direta do adulto ou sujeito mais capaz; e autônomo, quando ela exerce o papel principal num acontecimento, independente de uma orientação direta do adulto ou sujeito mais capaz.
Antes de ingressar no doutorado, o Wagner participou como conteudista de diversos cursos direcionados para professores de física da rede municipal de ensino de Juiz de Fora. Ele conta que, em um primeiro momento, teve como foco as ações e reações dos participantes durante o desenvolvimento da nova metodologia com seus alunos. Mas o que chamou a atenção foi a atuação das crianças durante a realização das atividades, pois, através dos brinquedos científicos, elas se permitiam explorar o desconhecido sem se sentirem insuficientes.
Esse contato com as crianças fez o professor lembrar das brincadeiras da sua infância, onde ele era o protagonista, se sentindo capaz de alcançar até onde o desejo permitisse. Foi após esse momento de nostalgia que veio a tona uma pergunta que norteou o desenvolvimento de sua tese: “Por que a escola não aproveita o potencial de imaginação e criação das crianças através dos brinquedos e das brincadeiras, incentivando-as a serem protagonistas?” Para ele, esse potencial, que é valorizado na Educação Infantil, vai sendo cada vez menos incentivado, levando-o à latência, até tornar-se inacessível frente às metodologias tradicionais de ensino no transcorrer da Educação Básica.
As brincadeiras científicas investigativas (BCI) foram formatadas para estimular o protagonismo autônomo das crianças, capacitando-as a se considerarem empoderadas, autônomas, habilitadas e qualificadas no enfrentamento de desafios. Assim, as crianças são incentivadas a questionar, argumentar, sugerir, idealizar, criar, entre outras ações normalmente exercidas por um sujeito ativo e participativo na sociedade. “Em consequência, isso ocasiona a elevação da autoestima das crianças, capacitando-as para o enfrentamento de desafios nas atividades escolares e na vida, uma vez que as experiências positivas vivenciadas na escola podem ser responsáveis pela construção de um cidadão ético, capaz, responsável, empático, generoso, corajoso, entre outras qualidades necessárias para uma sociedade mais justa e ética”, explica o professor.