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CONTEXTO: Alta dos preços dos combustíveis impacta no custo do frete e dos produtos
Em julho, o preço da gasolina e do diesel atingiram, de acordo com um levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), os maiores níveis do ano. Essas altas consecutivas têm impactado na cadeia de distribuição, elevando o custo dos fretes e, consequentemente, dos produtos. As professoras Ivelise Nery Barra de Oliveira, Sheila Elisângela Menini e Yvonne Archanjo Massucate Barbosa, todas do Núcleo de Transporte e Trânsito do Campus Juiz de Fora, explicam como é calculado os preços dos combustíveis e como isso influencia no valor dos serviços rodoviários em geral.
A influência nos preços dos combustíveis começa com a Petrobras, visto que a estatal é dominante no mercado brasileiro. A diferença nos preços das refinarias para o que é cobrado dos consumidores na bomba é impactada pelos lucros do produtor ou importador, do custo do etanol anidro, componente da gasolina, do biodiesel (que faz parte da composição do diesel) e as margens do distribuidor e revendedor. Além disso, existem os impostos cobrados do valor dos combustíveis (ICMS, PIS/Pasep e Cofins, Cide).
De acordo com a professora Yvonne, o Brasil é um país que utiliza o modal rodoviário na maior parte de suas atividades logísticas, ou seja, o transporte de produtos é realizado por meio de veículos automotores que trafegam pelas estradas brasileiras. Segundo a professora Ivelise, o preço dos combustíveis influencia diretamente no valor de passagens e fretes, visto que o custo, em geral, é repassado para os clientes. Yvonne explica ainda como o preço do combustível afeta o sistema logístico. “Nesse sentido, o preço do combustível afeta o preço final dos produtos, pois é um elemento que movimenta a cadeia logística, da produção inicial de determinado produto até sua entrega ao consumidor final. À medida em que o combustível eleva seu preço todo o sistema logístico é afetado, pois todas as operações necessitam de abastecimento e distribuição”.
E quais fatores definem o custo do consumo de combustível nos serviços rodoviários? A professora Sheila explica que, em primeiro lugar, é importante observar, que o custo do combustível depende de uma série de fatores: distância percorrida, rendimento do consumo e preço do combustível. A partir dessa definição, é possível estabelecer algumas relações. A primeira é que, quanto maior a distância, maiores serão os gastos. Da mesma forma, quanto maior o rendimento, menor será a despesa – ou seja, rotas de boa qualidade apresentam custos menores. “Porém, como era de se esperar, o terceiro e último fator é aquele que diz respeito ao valor propriamente dito: quanto mais caro o óleo diesel ou a gasolina, mais elevado será o gasto com o consumo de combustível e maior o impacto na cadeia de distribuição”.
Otimizar é preciso
Para a Yvonne, a melhor ação para otimizar os custos dos transportes rodoviários é a melhoria da infraestrutura das rodovias, o que pouparia tempo e combustível. “O chamado ‘Custo Brasil’ é refletido no preço dos produtos que compõem a mesa dos brasileiros, ou seja, toda a carga perdida nas estradas por conta da infraestrutura ineficiente, ou mesmo, a insegurança nas estradas e cidades ou ainda os altos impostos são repassados para os consumidores”, argumenta. Ainda de acordo com a professora, todo e qualquer produto que chega ao consumidor final depende da cadeia logística que é alimentada por uma rede de elos interligados, e nesse caminho todos os custos compõem o preço final do objeto a ser vendido. Assim, a melhoria da infraestrutura das estradas e a diminuição dos impostos que incidem sobre o transporte rodoviário impactam diretamente na vida dos brasileiros, e simultaneamente aos transportadores, sejam eles autônomos ou empresas.
O governo federal desenvolveu este ano uma ação para tentar melhorar as condições de trabalho dos transportadores. Foi criado um programa intitulado "Gigantes do Asfalto", destinado à melhorias para o trabalho dos caminhoneiros. Através de uma medida provisória, foi concebido um documento único de porte nas viagens realizadas pelos transportadores, o chamado DT-e (Documento Eletrônico de Transporte). “Esse documento substitui outros e facilita o exercício do transportador, que acessa de forma eletrônica e agiliza o processo de fiscalização nas estradas. Portanto, medidas eficazes que facilitam e otimizam o processo logístico favorecem os transportadores”, explica Yvonne.