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Pesquisa propõe reflexão histórico-crítica sobre currículo na educação brasileira
Buscando refletir sobre os processos de esvaziamento escolar que têm sido aprofundados com as políticas educacionais mais recentes, a pós-graduanda em Metodologia da Educação Física Escolar, Bruna Medina, realizou uma pesquisa sobre currículo na educação brasileira. O trabalho “A Produção Teórica da Pedagogia Histórico-Crítica Sobre Currículo: contribuições para a educação básica” identificou quatro categorias que ajudam a pensar sobre possíveis mudanças nos modos de ensino que temos hoje.
A partir da pedagogia histórico-crítica, entende-se a escola como algo determinado pela sociedade, fundada na lógica capitalista e que reflete o conflito de interesses das diferentes camadas da população. Bruna conta que passou a se interessar pelo tema com sua participação no Grupo de Estudos sobre Pedagogia Histórico Crítica e Educação Básica (GEPHCEB), coordenado pelo Professor Leonardo Docena Pina, que viria a ser seu orientador no trabalho de conclusão da pós-graduação.
“Neste grupo, nos deparamos com produções teóricas que evidenciam o esvaziamento da educação escolar, que se expressa tanto nas políticas educacionais, quanto no currículo e na minha prática social, enquanto professora que atua na educação básica da rede estadual. Por isso a reflexão histórico-crítica sobre o currículo é necessária, para que possamos pensar em um modelo de ensino que de fato atenda os interesses da classe trabalhadora.”
Como primeiro passo metodológico, foi feito um levantamento das produções sobre o tema. Foram analisados artigos e publicações em periódicos de autores referência no processo de construção coletiva da pedagogia histórico-crítica. A partir dessa análise teórica, foi possível chegar a quatro categorias que expressam contribuições da pedagogia histórico-crítica para se pensar o currículo e a educação básica como um todo: concepção de ser humano, concepção de educação escolar, concepção de currículo e concepção de política educacional.
Bruna explica que tais categorias nos permitem refletir sobre a educação escolar na relação com o desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos estudantes nas suas máximas possibilidades, inclusive, articular a luta pela escola pública com a luta pela superação da própria sociedade capitalista. “Destacamos que as categorias apresentadas nos permitem analisar a política educacional em sua radicalidade, identificando, por exemplo, que a Base Nacional Comum Curricular se opõe à função social da escola defendida pela pedagogia histórico-crítica. Isso nos ajuda a realizar uma crítica às pedagogias hegemônicas, como naquela ideia do aprender a aprender.”
Ela conclui afirmando que a pós-graduação cursada no Campus Juiz de Fora lhe proporcionou um contato com discussões novas e que enriqueceram sua formação e suas referências, além de permitir se aprofundar no tema estudado. “Espero que os elementos abordados pelo trabalho possam trazer contribuições para se pensar um currículo para a educação básica que atenda aos interesses concretos da classe trabalhadora, propondo uma articulação da escola com a socialização desses conhecimentos.”