Ensino
Alta de comércio e serviços online aumenta a demanda por profissionais técnicos no Brasil
A formação técnica é um grande diferencial para acesso a vagas no mercado de trabalho. Conforme veiculado em reportagens recentes do Jornal Nacional, da Rede Globo, o país está com alta demanda de profissionais de formação em cursos técnicos para vagas relacionadas à indústria e à tecnologia. Para marcar a data de 1º de Maio, Dia do Trabalhador no Brasil, conversamos com o coordenador de cursos técnicos do Campus Juiz de Fora, Marcelo Santos, sobre as perspectivas para este cenário e como este é um momento oportuno para a carreira de futuros profissionais técnicos.
Um estudo realizado pela Fundação Roberto Marinho, Arymax e Itaú Educação e Trabalho investigou como a formação técnica impacta na inclusão de jovens no mercado de trabalho. Dentre as empresas consultadas, 37% afirmaram ter dificuldade ou muita dificuldade para contratação de jovens do ensino médio. As principais razões foram a falta de qualificação (66%) e falta de comprometimento (29%). Já entre os jovens ouvidos, 75% relataram que as escolas os preparam pouco, ou nada, para o mercado de trabalho.
Já com relação aos jovens com formação técnica, o cenário é um pouco diferente. A mesma pesquisa identificou que 42% das empresas tinham jovens que cursaram ensino técnico. Eles costumam permanecer e evoluir seus cargos, com 61% das empresas tendo pelo menos um gestor que já assumiu cargo técnico. De acordo com o Censo Escolar, a cada 100 jovens, 60 completam o ensino médio, e apenas 5 adquirem uma formação técnica.
Mesmo com a alta absorção em cargos técnicos, há ainda uma dificuldade das empresas em encontrarem esse perfil de profissional. Marcelo Santos comenta o cenário, indicando que não existe apenas uma explicação para essa defasagem. “O investimento insuficiente na criação de novas vagas e cursos certamente é uma realidade, mas existe também um fator cultural muito forte. Grande parte da sociedade vê os cursos de nível superior como objetivo único em suas carreiras. Esse sonho ou vontade acaba muitas vezes por redirecionar pessoas que conseguiriam no nível técnico uma vida profissional e pessoal plena.”
Os efeitos da pandemia no mercado de trabalho
Com a pandemia de COVID-19, houve um aumento consistente no setor da Tecnologia da Informação no Brasil. Desde maio de 2020, muitos serviços passaram a ser informatizados e isso trouxe impactos ao mercado de trabalho e um aumento de vagas disponíveis, como indicado em reportagem recente do Jornal Nacional. Serviços como transporte de carga, logística e armazenagem de mercadorias, por exemplo, foram intensificados com o rápido aumento do comércio online, decorrente do isolamento social. Ao mesmo tempo, esse período trouxe uma diminuição do número de estudantes matriculados no ensino superior e técnico, o que indica uma dificuldade que as empresas terão em obter profissionais qualificados à essas vagas.
Marcelo observa que os efeitos da pandemia afetaram os cursos do Campus Juiz de Fora de formas variadas. “O curso de Desenvolvimento de Sistemas, por exemplo, sem dúvida alguma teve uma alta na demanda por profissionais, com necessidade de novos sistemas para compras, ensino, rastreamento, dentre outros. Acredito que as vantagens dos sistemas eletrônicos de comunicação foram em muitos casos evidenciadas, e esperamos que essa tendência se mantenha ainda por muitos anos.”
Já no caso do curso de Eventos, a demanda por profissionais caiu bastante, devido às restrições vividas nos últimos anos. Entretanto, com a flexibilização das medidas de isolamento, haverá um aquecimento do setor e uma procura por profissionais da área. “Para os demais cursos, observamos uma mudança nos perfis procurados, com a necessidade de habilidades para trabalho remoto”, comenta Marcelo. “Acreditamos que a formação mais generalista de nossos alunos tenha ajudado muito na adaptação a essas novas realidades”.
O Campus Juiz de Fora disponibiliza anualmente mais de 1500 vagas em 19 cursos técnicos, nas modalidades integrado, concomitante e subsequente, visando não somente atender ao mercado de trabalho, mas formar cidadãos conscientes, com pensamento crítico e capacidade de se adaptar a novas situações. “O feedback que recebemos das empresas que contratam nossos alunos tem sido muito positivo em toda a minha experiência de mais de 25 anos como professor do Campus. Recebemos também informações muito positivas das instituições de ensino superior que recebem nossos alunos que optam pela continuidade de sua formação”, conclui.