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Pandemia de Covid-19: Saiba o significado dos termos mais frequentes
Devemos ficar em casa. Devemos usar álcool gel. Devemos lavar as mãos com frequência. Devemos manter o isolamento social. Devemos saber o significado dos termos e usar o português corretamente. Opa! Aposto que esta última recomendação você ainda não tinha ouvido em meio à pandemia de coronavírus, não é mesmo? Pois é, saber os significados de termos recorrentes neste contexto e usar o português corretamente não previne o contágio, mas ajuda a entender e a se comunicar de forma mais eficiente. Pensando nisso, contamos com a ajuda da Professora de Português do Campus Rio Pomba, Marcela Zambolim de Moura, para esclarecer alguns termos e concordâncias que causam dúvidas e erros. Para entender melhor alguns termos técnicos, recorremos à professora de disciplinas básicas na área da Saúde do Campus Barbacena, Fabianne Magalhães Girardin Pimentel Furtado.
“O Coronavírus” e “A Covid-19”
O coronavírus causa a covid-19. Sim, a forma correta de dizer é “o coronavírus” e “a covid-19”. Isto porque o uso da palavra “coronavírus” é precedido pelo artigo masculino, já que se trata também de um termo masculino e refere-se a um vírus. Já o uso do termo “Covid-19” é precedido pelo artigo feminino, uma vez que se trata do nome da doença causada pelo vírus. Refere-se, portanto, ao acometimento causado pelo vírus.
Achou difícil? Aí vai uma dica: Para lembrarmos da diferença no uso, podemos inserir a palavra “doença”: “a doença Covid-19”, e, assim, evitamos equalizar os usos no masculino, como costumeiramente observamos em determinados contextos comunicativos.
NA REDE
Em uma busca rápida pelo Instagram, foram encontradas cerca de trinta e oito publicações com as palavras-chave “#ocovid19”, dezenove publicações com “#ocovid” e nove publicações com “#ocovid19nãoébrincadeira”. Em contrapartida, oitenta e sete usuários atentos usaram “#acovid” e cerca de duzentos usaram “#acovid19”.
(Pesquisa feita em 31 de maio de 2020).
Endemia x Epidemia x Pandemia
Estes termos comuns para profissionais da área de saúde entraram em nosso cotidiano com a mesma velocidade com que o coronavírus se espalhou pelo mundo. Apesar de terem grafias bem parecidas, seus significados são bem diferentes.
“Endemia” refere-se à doença infecciosa recorrente em uma população e/ou região específica. A palavra “pandemia” refere-se à disseminação de uma epidemia, que, por sua vez, é o surto de uma doença infecciosa em uma extensa área geográfica, atingindo grande parte de uma população.
Já passamos dos 40 dias. Acabou a quarentena, certo?
Errado. Apesar de o termo quarentena nos remeter ao período de 40 dias, não é bem assim que funciona: Quarentena é o período de isolamento dos suspeitos de doenças contagiosas, é mais restrita que o distanciamento social e é recomendada por um determinado prazo, 14 dias no caso da Covid-19, com possibilidade de prorrogações de acordo com a necessidade. O tempo de isolamento é determinado pelo período de incubação da doença nas pessoas presumivelmente expostas ao contágio, mas que ainda não estão doentes – ou por não terem sido contaminadas ou por estarem no período de incubação do vírus.
Distanciamento social e isolamento social são a mesma coisa?
Não. Apesar de ambos serem recomendados para controlar a disseminação do coronavírus, os significados são diferentes. Enquanto o distanciamento social prevê a redução de atividades sociais, o isolamento social objetiva separar os indivíduos doentes e com suspeita da doença dos indivíduos não doentes. Em relação à Covid-19, no caso do distanciamento social, a medida visa prevenir que indivíduos assintomáticos entrem em contato com indivíduos não doentes, por exemplo, em um cenário de transmissão comunitária. Já no isolamento, devido à confirmação da doença ou à presença dos sintomas, o indivíduo deve ficar fisicamente separado, protegendo os outros do contágio.
Isolamento Horizontal e Isolamento vertical
São dois tipos de DISTANCIAMENTO SOCIAL, não devem ser utilizados com o significado de isolamento; pois em isolamento devemos colocar apenas as pessoas já diagnosticadas com a Covid-19. O Horizontal é quando não há a seleção de grupos específicos, sendo recomendado que todos fiquem em casa; já o Vertical é quando há o isolamento de apenas um grupo de pessoas. O recomendado no caso da Covid-19 é que todos que possam fiquem em casa, portanto, trata-se de isolamento horizontal.
As expressões estado de emergência e estado de calamidade pública assustam, não é? E o que significam?
No cenário em que há uma pandemia, indicando risco de disseminação nacional de uma doença, o estado de emergência é decretado pela iminência de danos à saúde e aos serviços públicos, por este motivo, neste estado excepcional, são implementados planos de prevenção, como no caso da Covid-19. Entre as articulações possíveis estão a contratação temporária de profissionais de saúde, a aquisição de equipamentos e a contratação de serviços, sem licitação. Já o estado de calamidade pública, indica que há um comprometimento substancial do país, de modo que, ao ser decretado, permite ao governo extrapolar o teto dos gastos públicos, ou seja, gastar o que for necessário para resolver a situação que já se encontra em curso no país, isentando o governante do crime de responsabilidade fiscal.
Letalidade e mortalidade
Letalidade é a característica daquilo que causa morte. Em relação à Covid-19, esta característica é observada na relação entre o número de mortes causado pela doença e o número total de pessoas infectadas. Já a mortalidade, que se refere àquilo que é perene, isto é, que está sujeito à morte, é observada na relação entre o número de mortos pela Covid-19 e o número total da população que se considera.
“Achatar” a curva
Achatar a curva significa desacelerar a propagação do vírus para evitar que os sistemas de saúde sejam sobrecarregados com uma onda de casos confirmados, sobretudo aqueles que não são tão graves; ou seja, achatar a curva é dar tempo de todo o sistema de saúde se organizar para conseguir atender a todos com qualidade.
Período de incubação
É o tempo entre ser infectado por uma doença e começar a apresentar os primeiros sintomas. No caso da Covid-19, o período de incubação é de dois a 14 dias, e, durante este intervalo, o infectado já é capaz de contaminar outras pessoas, mesmo sem sintomas.
Grupo de risco ou vulnerável
São todas as pessoas, que, por algum motivo, poderão desenvolver a doença em sua forma mais grave. No caso da Covid-19, são os idosos, pessoas com outras doenças associadas, gestantes, puérperas e recém-nascidos.
Caso suspeito
São todas as pessoas que apresentam sintomas da doença ou que tiveram contato muito próximo com alguém positivo para a Covid-19.
Caso confirmado
São todas as pessoas que passaram por uma triagem médica e que estão enquadradas nos critérios clínicos e/ou tiveram resultado positivo para o teste da Covid-19.
Caso descartado
É a pessoa que apresentou sintomas parecidos com a Covid-19 ou teve contato com pessoas contaminadas, mas que, após um exame clínico ou teste, teve resultado negativo para o novo coronavírus.
Paciente assintomático
É aquela pessoa que foi infectada pelo coronavírus mas não desenvolveu os sintomas da doença.
Transmissão Comunitária
Quando a infecção é descoberta em uma pessoa que não viajou recentemente e não tem conexão com nenhum caso conhecido. Em outras palavras, quando não se consegue identificar como a pessoa foi infectada.
Transmissão local
A transmissão da Covid-19 é local quando a pessoa teve contado com alguém que viajou para fora do país (para locais em que a transmissão já é comunitária) e nestes casos ainda é possível rastrear a cadeia de contaminação; ou seja, detectar como esta pessoa se contaminou e quem ela pode ter contaminado.
Teste de RT- PCR:
É considerado o teste padrão-ouro no diagnóstico da Covid-19. A confirmação do diagnóstico é feita por meio da detecção do RNA do coronavírus na amostra analisada, preferencialmente obtida de raspado (swab) das cavidades nasal e oral (naso e orofaringe). O nome do teste é Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction, do inglês. No português, significa transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase.
Teste rápido ou kits rápidos: São de dois tipos: aqueles que identificam antígenos e aqueles que identificam uma resposta imunológica do corpo em relação ao vírus (presença de IgG e IgM). Utilizam uma lâmina de nitrocelulose (espécie de papel) que reage com a amostra biológica (gotícula de sangue) e apresentam uma indicação visual em caso positivo. São comprados em farmácia e assemelham-se aos testes de gravidez.
IgC e IgM
São imunoglobulinas (Ig), também conhecidas como anticorpos. São produzidas em resposta a antígenos. No total, são em número de 5: IgG, IgM, IgA, IgD e IgE. Cada classe possui uma função específica e age sobre um determinado antígeno. O exame de coronavírus detecta as da classe M e G. As IgMs indicam que a infecção está na fase ativa. Já as IgGs aparecem na fase mais tardia da infecção, indicando que a pessoa provavelmente desenvolveu imunidade contra a doença.
Atenção!
A professora Marcela Zambolim de Moura destaca que não há um uso correto para a língua e sim que há usos previstos como mais ou menos aceitos para contextos específicos de comunicação. No entanto, entender como a doença funciona é fundamental para que possamos nos proteger. Daí a importância de estarmos em dia com o Dicionário da Covid-19. Lembrando que o agente causador da doença é chamado de “novo Coronavírus”, e que, portanto, novos termos surgem a todo momento.
Fontes:
Sites: https://www.fleury.com.br/noticias/conheca-os-diferentes-tipos-de-teste-para-covid-19
https://www.ufrgs.br/levi/dicionario-da-covid-19/#page-content
- Dicionário Houaiss Conciso da língua portuguesa
Professoras: Marcela Zambolim de Moura e Fabianne Magalhães Girardin Pimentel Furtado