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Dia do professor

Há muito já se sabe que ser professor vai muito além de ensinar letras, números, fórmulas e teorias. A educação transforma. O professor pode ser a fada madrinha da vida de alguém. Estas transformações, ao contrário do que acontece nos contos infantis, não acontecem em um passe de mágica. Ao longo de anos e anos, professores vão conduzindo alunos na construção de um caminho longo e árduo. Paulo Freire já dizia que o aluno não é um banco onde se deposita o conhecimento. A educação acontece a partir da troca: "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção".

E quando os tijolos desta construção são fixados com amor, aí sim a mágica acontece: "Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso. Amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade". Paulo Freire

Professor rima com dor. Professor rima com amor. Professor rima com transformador. E, cá entre nós, apesar de ser bastante melindrosa e dada a pegadinhas, acredito que estas rimas foram muito bem pensadas pela Língua Portuguesa. 

Professores, aqueles que têm em suas mãos a chave da mudança social, aqueles que formam todos os outros profissionais, estão, ironicamente, no rol das profissões menos valorizados em nosso país. Baixos salários e péssimas condições de trabalho já pareciam obstáculos difícieis demais, aí, eis que surge uma pandemia, e os professores agora precisam aprender a ensinar mediados por telas, sem olhoar nos olhos ou segurar a mãozinha que aprende a desenhar uma letra. A dor de ser professor, agora tem um agravante:

"Driblar problemas pessoais, afazeres domésticos, ruídos de ruas, problemas de saúde, horários diferentes, passaram  a ser a realidade de todos que estiveram e estão no home office. Ouvir diferentes histórias dos alunos, que vão desde 'perdi meu emprego' até 'vou ser pai' ou 'estou grávida', e, que, quase sempre terminam 'vou ter que parar o curso'.  Depois da dor, vem a motivação para tentar melhorar as metodologias de ensino e fazer com que os alunos consigam, absorver os conteúdos das disciplinas, da forma que for possível. E do outro lado da tela, tem alguém, o professor, que também tem família, que também está tendo que se desdobrar para realizar seus afazeres, que também está sofrendo com estes tempos sombrios , e, ainda assim, segue pregando a esperança de que as coisas vão melhorar. Ouvi um  'Consegui aprender' soa como o gol da vitória nos acréscimos do segundo tempo. É neste ponto que está o troféu de ser Professor".

Assim como um mágico, o professor enfia dor e difucldades na cartola, e de lá tira esperança e motivação para seguir ensisando com amor, com a crença de que só a educação pode transformar o mundo. Em meio a uma pandemia, a cartela de truques de mágica precisa ser reforçada constantemente: 

"Sobre ser educaDOR, em uma pandemia, acredito que sou e estou, ainda mais, educAMOR. Todos os dias, quando estou com os estudantes, tento ser positiva e ser um ponto de apoio para eles... Em tempos 'pandêmicos' o que mais utilizei foi a minha criatividade e a minha força de vontade, para tentar transformar a dor, a dificuldade e a negatividade, em amor". Valquíria Areal Carrizo

Aprender. Ensinar. Reinventar-se.

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Paulo Freire

E quando o respeitável público acha que o espetáculo acabou, surgue o professor, às vezes mágico, às vezes palhaço e sempre equilibrista, com uma outra característica que o torna ainda mais especial: a capacidade de reinventar-se:
"O professor é um ser magnífico, gente! Nasce com um dom: aprender. Recebe uma missão: ensinar. Encontra um desafio permanente: reinventar-se... Sim! Aprendemos o tempo todo, e temos a capacidade de extrair do mundo à nossa volta a essência de tudo o que é belo, importante, significativo. Mas não conseguimos reter esse aprendizado em nós mesmos. Temos uma inquietação, e eu a chamo de inquietação missionária: temos a necessidade de ensinar. E vejam que incrível: sob as mais diversas perspectivas, cada professor transmite o que aprende de maneira única! Seja pelos números, seja pelas palavras, seja pela vivência... Tarefa corriqueira? Jamais! Eu diria até desafiadora. É não há como escapar do desafio diário. É preciso reinventar-se. Sempre. E, em tempos de isolamento social, isso nunca esteve tão latente!  E eu diria mais: o professor é um agente transformador poderosíssimo, inspirando, motivando e, por que não, amando e sofrendo... É uma verdadeira arte... Por isso, neste Dia do Professor, não poderia deixar de cumprimentar a cada nobre colega de profissão/missão. E dizer que, apesar dos desafios e dos grandes obstáculos que frequentemente encontramos pelo caminho, possamos nos renovar sempre! Brilho no olhar, gratidão e peito aberto a cada novo planejamento, a cada nova aula, a cada estudante que recebemos. É isso, gente! Aprender. Ensinar. Reinventar-se.
Professora Fernanda de Lourdes Almeida Cruz Barbacena, 08/10/2021
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