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Para celebrar a data, vamos refletir sobre "ser servidor público"?!

No dia do Servidor Público, elencamos alguns mitos, verdades e reflexões sobre a missão de ser Servidor Público, especialmente no IF Sudeste MG

Eu até poderia dar risada, mas estou tão ocupada realizando o meu trabalho como servidora pública, que não terei tempo para uma tolice dessas. Além do mais, piadas só são engraçadas quando não ofendem e não caluniam ninguém, não é mesmo? 

Apesar disso, num país em que o desrespeito, a generalização e a banalização do preconceito imperam, piadas sobre servidores públicos são frequentes e às vezes vêm até mesmo de pessoas próximas a nós, pessoas que sabem que Servidores Públicos trabalham, e trabalham muito. É claro que numa repartição pública, você encontrará um servidor preguiçoso. Mas não pense que esta tarefa será mais difícil de ser cumprida numa empresa privada. Pessoas são indivíduos, com suas particularidades, portanto, generalizar de certo ocasionará erro.

Então, a dica é simples: pense duas vezes anter de rir de uma piada e dez vezes antes de compartilhá-la!

O preconceito nasce de uma ideia pré-concebida, ou seja, nasce do desconhecimento. E como cidadãos, sejamos servidores públicous ou não, sempre devemos combatê-lo, tenha a face que ele tiver. Portanto, para não julgarmos antes de conhecer, vamos pensar um pouco sobre o que é ser um servidor público?

Segundo a Constituição, servidores públicos são todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com os órgãos e entidades governamentais. Desse modo, nosso "cliente" é o cidadão. É para ele e por ele que trabalhamos. Trazendo para a realidade do IF Sudeste MG, nosso "produto" é a educação pública, gratuita e de qualidade. Cada servidor é uma peça importante dessa engranagem que trabalha pelo bem comum e para a melhoria do mundo.

Caso você conheça alguém que ainda acha graça dessa piadinha infame, compartilhe os mitos e verdades sobre o servidor público que elencamos abaixo. Trazemos verdades, mas não verdades absolutas. Para um só mito, existem diversas verdades e aqui apresentamos as verdades de servidoras e servidores do IF Sudeste MG. Ao longo do texto, você vai ver depoimentos de servidores do IF Sudeste MG sobre a missão de ser Servidor Público.

MItos x Verdades

Mito 1: Tem esquemas para comprar vagas no serviço público.

Uma verdade: "Eu sempre vi o serviço público como a minha única chance. Sou filha de pintor de parede autônomo e dona de casa que nunca concluíram o ensino médio, mas que sempre exaltaram a importância do estudo como possibilidade de melhoria de vida. Comecei a perceber que eles estavam certos no ensino médio, quando, graças às minhas notas, fui estagiária em duas empresas públicas: a Embrapa e a Caixa Econômica Federal de Sete Lagoas/MG. Foi a partir desta experiência que eu decidi que queria aquilo pra mim: ser técnica, ser útil à sociedade e ter qualidade de vida. Após a conclusão da faculdade de Biblioteconomia na UFMG em 2002, começaram as tentativas de ingresso no serviço público e as reprovações. Acho que foram três concursos até a primeira aprovação: um concurso temporário para ser oficial da Aeronáutica com apenas cinco vagas, e eu fiquei na nona posição. Mas quatro pessoas desistiram após saberem a localidade da vaga, e lá fui eu para seis meses de Hotel de Trânsito no Recife (PE), porque outra coisa que meu pai me ensinou é que precisamos ir aonde as portas se abrem. Após nove anos como oficial temporária da Aeronáutica, sem tentar nenhum novo concurso, voltei à vida de concurseira. Depois de mais dois anos de muito estudo e algumas reprovações, voltei para o Serviço Público Federal, agora não mais temporário, mas novamente longe de casa. Apesar de me emocionar ao lembrar dessa trajetória, de forma nenhuma a considero triste. Pelo contrário: é muito alegre, pois representa minha vitória frente ao meu esforço e persistência para merecer uma vaga disputada por muitos a partir de regras claras e transparentesMeu ingresso no IF Sudeste MG aconteceu também por conta da cota para pessoas negras. Fui a terceira colocada em um concurso que tinha somente duas vagas. Apesar de hoje saber que, independentemente das cotas, eu teria sido chamada posteriormente, sou muito grata porque precisava muito ser chamada naquela hora. Também graças às cotas raciais, fui aprovada em um doutorado. Nem eu pensei em chegar tão longe. Também graças às ações afirmativas, que podem minimizar as disparidades de oportunidades entre as pessoas, eu não somente redefini o meu destino, mas também o do meu filho. Assim a gente vence a desigualdade social e cria um mundo onde tudo é possível para todos", Paula Souza da Silva, servidora do Campus Santos Dumont.  

Mais uma verdade: "Ingressei no serviço público quase da mesma forma que boa parte dos servidores: depois de muito estudo, alguns anos batendo na trave em concursos, e muita, muita persistência. A vaga veio em 2017, curiosamente acabei passando em dois concursos quase ao mesmo tempo, escolhi o IF pois já conhecia o Instituto e sabia que era o melhor caminho a seguir", Guilherme Lima Vieira, servidor do Campus Manhuaçu.   

Outra verdade: "Trabalhar como professor do IF tornou-se um sonho no início de minha graduação. Desde então, comecei a construir minha trajetória pautada neste objetivo, publicando artigos, participando de projetos, realizando estágios e tudo mais que eu sabia que agregaria na hora de realizar o concurso. A seleção de docentes não somente avalia os conhecimentos teóricos do candidato, mas também conta com avaliação didática e prova de títulos, fases estas que estão diretamente relacionadas à experiência acadêmica e profissional do professor. Passar em um concurso é um processo longo e árduo. As seleções são rigorosamente realizadas por bancas compostas de profissionais sérios que realizam um trabalho consoante aos princípios previstos em legislações específicas, em prol de selecionar as pessoas mais aptas a ocuparem os cargos dentro da instituição", Luciano Wallace Gonçalves Barbosa, servidor do Campus Avançado Cataguases.                                                  

Mito 2: Servidor Público não trabalha.

Uma Verdade: "Só se for não trabalha pouco! Além do cargo que ocupamos, acabamos participando de muitas outras ações que acabam sendo designadas para o servidor, como comissões, coordenações, fiscalizações de contratos, dentre outras. É uma rotina que, apesar de ser cansativa em certos momentos, traz a possibilidade de conhecimentos em diferentes áreas e temáticas, o que, de certa forma, é gratificante e recompensador", Guilherme Lima Vieira, servidor do Campus Manhuaçu.

Mais uma verdade: "Quando ouço comentários de que servidor público não trabalha, tenho um sentimento enorme de indignação, pois sei o quanto eu trabalho diariamente e como a rotina dos meus colegas da área administrativa e dos professores costuma ser exaustiva. É um erro generalizar. Pessoas que não gostam de trabalhar ou não exercem com seriedade suas funções podem ser encontradas em qualquer segmento do mercado de trabalho, isso não é exclusividade do serviço público", Dayene Mendes Silva Gonçalves, servidora do Campus Muriaé. 

Outra verdade: "Trabalho 8 horas por dia, como estou na área da Educação, serviço é o que não falta, pois o tempo todo temos alunos, professores e pais para atendermos, além da parte burocrática, que exige bastante. Às vezes, ou melhor, sempre, as 8 horas diárias não são suficientes e excedo meu horário", Izolina Cristina Lamas Grossi, servidora do Campus Rio Pomba.

Mito 3: Servidor Público ganha rios de dinheiro (público)

Uma verdade: "Estamos há 5 anos sem reajuste. Isso é um fato! A inflação acumulada durante essa meia década reduziu bastante o poder aquisitivo dos servidores públicos. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, nós não passamos incólumes pelos efeitos da crise política e econômica", Antônio Carlos Caires, servidor da Reitoria.

Mais uma verdade: "Muito pelo contrário. O salário dos servidores está defasado há muito tempo, sem nem mesmo as correções inflacionárias, ou seja: estamos recebendo cada vez menos e trabalhando mais. Para quem julga que recebemos rios de dinheiro, é porque evidentemente não conhece de perto o trabalho que executamos e a importância dele", Luciano Wallace Gonçalves Barbosa, servidor do Campus Avançado Cataguases.

Outra verdade: "A maior parte dos servidores públicos não ganha rios de dinheiro como muitos imaginam, essa visão é mais relacionada aos funcionários de alto escalão do país, justamente os que mais aparecem na mídia, e muitas das vezes por motivos que não gostaríamos de ver", Dayene Mendes Silva Gonçalves, servidora do Campus Muriaé.

Mito 4: Home office é um eufemismo para ficar de boa em casa.

Uma Verdade : "O trabalho em casa é uma realidade cada vez mais presente no dia a dia do brasileiro durante a pandemia, e não é uma exclusividade do funcionalismo público. E nada se fala sobre o quanto isso está custando para o servidor, em diferentes aspectos. Para mulheres, que já exerciam jornada dupla, as consequências são ainda maiores. E eu ainda fui mestranda em uma parte deste período, ou seja, tive uma jornada tripla. Mas tenho muita gratidão pelo meu trabalho. O mais difícil é a perda da noção de jornada de trabalho diária, quando termina o trabalho e começa o 'tempo livre'. Dificilmente deixamos de responder às demandas que surgem a qualquer momento do dia e da noite. No trabalho remoto, as solicitações “fora de hora” tendem a ser ainda mais frequentes, e eu não reclamo. Sei que precisa ser assim agora, e tudo bem. Queremos que tudo dê certo", Paula Souza da Silva, servidora do Campus Santos Dumont.

Mais uma verdade: "Entendo o home office e o home office em consequência da pandemia de forma diferenciada. Dar conta do trabalho, do lar e da família no atual contexto tem sido uma experiência exaustiva", Vivian Mello Antunes, servidora do Campus Barbacena.

Outra verdade: "É uma doce ilusão, pois trabalho muito mais do que na época presencial. Mas como assim, se estamos em casa? Por isso mesmo: em casa não tem hora de almoço, não tem intervalo, desde que o dia começa não tem horário estipulado para fazer os atendimentos, para passar e responder e-mails, ligar para um pai ou um aluno, atender um aluno pelo whatsapp, participar de reuniões pelo google meet, que acabam ultrapassando o horário, reuniões de pais, que são à noite, e ainda temos as tarefas domésticas, filhos, marido..." Izolina Cristina Lamas Grossi, servidora do Campus Rio Pomba.

Mito 5: É só entrar para o serviço público e tchau estresse!

Uma verdade: "Nos últimos anos, os canais por meio dos quais os servidores públicos são cobrados aumentaram e se diversificaram, devido à maior participação do cidadão na fiscalização da administração pública, à atuação dos órgãos de controle, à crescente demanda por serviços públicos de qualidade e à redução nos orçamentos das instituições que prestam serviços importantes para a população. Está sendo necessário fazer mais com menos recursos financeiros. Por essas questões, o estresse também está presente no dia a dia dos servidores públicos" Antônio Carlos Caires, servidor da Reitoria. 

Mais uma verdade: "No trabalho, a gente tem obrigações a serem cumpridas, tarefas a serem executadas, precisamos atender as diferentes demandas que surgem, é necessário sempre buscar capacitação... o tempo não pára. A única coisa que proporciona realmente uma tranquilidade é a estabilidade", Vivian Mello Antunes, servidora do Campus Barbacena.

Outra verdade: "O estresse aumenta, pois temos prazos para cumprir, principalmente no trabalho de Educação, além disso a cobrança é muito grande. O ano letivo é todo cronometrado, vamos assim dizer, tudo no seu tempo e hora, precisamos fechar a carga horária dentro do que é proposto no calendário acadêmico de cada ano que se inicia", Izolina Cristina Lamas Grossi, servidora do Campus Rio Pomba.

Mito 6: Todos são iguais no serviço público e a oportunidade é para quem merece.

" Um corpo de servidores mais plural e representativo da nossa sociedade não é apenas em benefício de alguns grupos, mas de toda a coletividade", Antônio Carlos Caires, servidor da Reitoria.

Uma verdade: "No Brasil, o racismo estrutural gera desigualdade material profunda entre os candidatos a um cargo no serviço público, razão por que é falacioso o discurso segundo o qual só importa o merecimento individual. O esforço pessoal não é a única variável a ser considerada, porque nem todos tiveram acesso à educação de qualidade. Meu concurso ocorreu antes da implementação das ações afirmativas e da lei de cotas, mas, como homem negro, aplaudo as iniciativas da administração pública nesse sentido. Ressalto, contudo, que isso só está acontecendo agora, porque houve muita luta. Um corpo de servidores mais plural e representativo da nossa sociedade não é apenas em benefício de alguns grupos, mas de toda a coletividade", Antônio Carlos Caires, servidor da Reitoria.

"Nosso IF adota políticas de cotas, tanto para os concursos quanto para ingresso nos cursos oferecidos. Mas essa é uma discussão que tem sempre que ficar em pauta, pois a dívida histórica é muito grande e o que é reservado para os grupos de minoria, ainda está longe de ser o ideal. Se é que um dia será ideal ou justo", Dayene Mendes Silva Gonçalves, servidora do Campus Muriaé

Mais uma verdade: "À primeira vista, poderíamos até dizer que sim, todos são iguais no serviço público, afinal de contas, entramos por concurso. Mérito de quem se preparou, correto? Entretanto, sabemos que não é assim a realidade. Nem todos têm o mesmo histórico, as mesmas oportunidades ou facilidade para se preparar para uma prova de concurso. Enquanto uma pessoa pode ficar até 12 horas do dia se dedicando à ementa de um concurso, outra precisa ficar essas 12 horas trabalhando. Como poderíamos dizer que ambas tiveram a mesma oportunidade de ingressar? Como poderíamos falar sobre merecimento? É necessário discutir cotas, discutir ações afirmativas que tentem corrigir essas desigualdades que muitos fingem não existir. Nosso IF adota políticas de cotas, tanto para os concursos quanto para ingresso nos cursos oferecidos. Mas essa é uma discussão que tem sempre que ficar em pauta, pois a dívida histórica é muito grande e o que é reservado para os grupos de minoria, ainda está longe de ser o ideal. Se é que um dia será ideal ou justo", Dayene Mendes Silva Gonçalves, servidora do Campus Muriaé.

 

Outra verdade: "Não somos todos iguais em nenhuma esfera social. Somos todos muito diferentes, com oportunidades diferentes e vivemos numa sociedade com vários problemas culturais e sociais", Luciano Wallace Gonçalves Barbosa, servidor do Campus Avançado Cataguases.

O IF Sudeste MG parabeniza a cada Servidor Público do país, especialmente a cada Servidor Público do IF Sudeste MG, que, bravamente, vem lutando para que a missão de contribuir com o desenvolvimento da sociedade, através da educação, não seja interrompida jamais, nem mesmo por uma pandemia!

 

 

 
 
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