Geral
Home office: na pandemia, mulheres enfrentam mais um desafio!
#Pratodosverem: arte em tons de lilás. Na parte esquerda, há a silhueta da cabeça de uma mulher. O desenho é composto por outras silhuetas de cabeças de mulheres, em tamanho menor, simbolizando a multiplicidade feminina. Na primeira metade do lado direito, há a expressão "Mulheres múltiplas, 8 de março", e, embaixo, centralizada, a frase: "IF Sudeste MG celebra Dia Internacional da Mulher".
No segundo texto da nossa série sobre o Dia Internacional da Mulher, continuamos refletindo sobre o impacto da pandemia nas questões de gênero. Num país em que a igualdade entre gêneros ainda é um sonho distante e a realidade feminina é marcada pela diferença salarial entre homens e mulheres num mesmo cargo, pelo assédio sexual e moral, pela violência doméstica e pela dupla jornada de trabalho; a pandemia trouxe uma carga ainda maior para elas: o home office.
Como medida de garantir o distanciamento social, muitas mulheres levaram seus trabalhos para casa. No entanto, o trabalho doméstico e os cuidados com os filhos ainda esperam por elas. Todas essas tarefas somaram-se e tornaram a jornada feminina ainda mais pesada.
O artigo "Os afazeres domésticos antes e depois da pandemia: desigualdades sociais e de gênero", de Jordana Cristina de Jesus e Luana Junqueira Dias Myrrha, traz atualizações de dados e análises sociodemográficas para diversos aspectos da pandemia do novo coronavírus. Alguns dados até são animadores, como por exemplo, o aumento da divisão igualitária das tarefas domésticas entre os membros adultos da família, mas, nem tudo são flores:
Entre os entrevistados, a resposta mais frequente à pergunta “quem está assumindo o trabalho doméstico que era realizado por esse(a) empregado(a)?” foi “As tarefas estão sendo divididas igualmente entre os membros do domicílio”, com 32%. No entanto, a soma dos que deram como retorno “as tarefas estão sendo divididas entre os membros do domicílio, mas com sobrecarga para a(s) mulher(es)” e “majoritariamente a(s) mulher(es)” atingiu a marca de 52%. Ou seja, o trabalho doméstico ainda continua sendo predominantemente uma responsabilidade feminina.
Desde o dia 17 de março, a maioria dos servidores do IF Sudeste MG trabalha em regime de home office. A medida é eficaz e necessária para resguardar a saúde dos servidores, porém, por outro lado, aumenta a sobrecarga de trabalho, especialmente para as mulheres.
Mulher múltipla
"Não é novidade que a mulher acumula funções. Sou mãe de jovem universitário que teve sua formatura adiada. Sou mãe de uma criança especial que se viu afastada do seu mundo e não entende bem por quê. Sou filha, esposa, irmã, tia, professora, servidora, dona de casa, amiga, eleitora, cidadã indignada......e muitas outras umas. Todas essas 'muitas' estão diferentes. O ser humano tem como característica a adaptação. Entretanto, as mudanças foram muito drásticas e rápidas, consequentemente, o processo de adaptação, abrupto, está sendo doloroso. Esperança, como nunca morre, esperemos vacina, consciência, responsabilidade e continuaremos sendo muitas e sendo únicas. Nós mulheres, sempre lutamos pela equiparação das condições de vida às condições dos homens, lutamos contra o machismo e a violência, agora precisamos lutar separadas, mas nunca sozinhas. Nessa semana comemoramos um Dia Internacional das Mulheres mantendo o engajamento que a luta precisa. Vemos aumentar os assédios, as violências, os feminicídios, tantos maus tratos... E mesmo com tanta falta de política pública para a população em geral e mais ainda para as mulheres, ser mulher é não desistir nunca. Nunca deixar de almejar um mundo melhor para os nossos filhos".
Patrícia Furtado Fernandes Costa, professora, Campus Rio Pomba.
Mulher malabarista
Ser mulher na pandemia tem sido um malabarismo um tanto desordenado, em que tudo se misturou e ainda assim tem que ter seu devido lugar. Fazer do lar o local de trabalho ou sair para trabalhar com um aperto no peito, maior do que antes. Se antes deixar os filhos era uma grande preocupação, para muitas, expor a família aos riscos do vírus é uma realidade difícil de se contornar. Ser mulher na pandemia é ver sua rede de apoio reduzida e as tarefas se acumulando, gerando sobrecarga física e mental. Se reinventar para novas formas de aprender e de ensinar, estar na linha de frente e sermos, mais uma vez, as mais afetadas pela falta de um Estado forte e competente. Preencher como consegue as lacunas de um sistema omisso com as mulheres, sobretudo as trabalhadoras e continuar lutando para sermos vistas, ouvidas e atendidas em nossas necessidades, mesmo que tenhamos também que reinventar nossa forma de lutar!
Carol Gonçalves, aluna do curso de Administração do Campus Rio Pomba.
"As mulheres seguem juntas na luta, ainda que separadas, mesmo que tenham que reinventar a forma de lutar!"
E a luta pela equidade não pode ser feminina, precisa ser uma luta de toda a sociedade. No próximo texto, saberemos como as questões de gênero são abordadas no IF Sudeste MG.
*Texto com informações do artigo Os afazeres domésticos antes e depois da pandemia: desigualdades sociais e de gênero, de Jordana Cristina de Jesus e Luana Junqueira Dias Myrrha ,que pode ser lido na íntegra na página do ONAS-Covid19.