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Projeto “Juntas pela vida” exibe no Campus Santos Dumont curta-metragem sobre combate à violência contra a mulher

O curta foi produzido por alunos e professores da Escola Estadual Padre Antônio Vieira, de Santos Dumont
#ParaTodosVerem: foto dos professores, alunos e representantes da comunidade que conduziram a apresentação do curta-metragem

#ParaTodosVerem: foto dos professores, alunos e representantes da comunidade que conduziram a apresentação do curta-metragem

Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp-MG), em 2022, a cidade de Santos Dumont ocupou o oitavo lugar no ranking de municípios mineiros (são 853 no total) em relação ao número de feminicídios. Foram registrados dois assassinatos no contexto de violência contra a mulher.

Fato que mobilizou os professores Wilson Nepomuceno (Sociologia) e Aline Vieira (Literatura), da Escola Estadual Padre Antônio Vieira (Pavi), a desenvolverem com estudantes do 3º ano do Ensino Médio uma ação de "Combate à Violência Contra as Mulheres". A proposta resultou no curta-metragem “Juntas pela vida”. O filme foi exibido na última terça (26/09), no auditório do Campus Santos Dumont do IF Sudeste MG para estudantes de cursos técnicos integrados e servidores.

Os professores e estudantes do Pavi conduziram a apresentação do curta e, junto com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santos Dumont e da Polícia Militar do município, conversaram com os presentes sobre a necessidade de conscientizar a sociedade sobre as formas de violência contra a mulher e as maneiras de combater as práticas e de buscar ajuda especializada.

A ação, que começou como um projeto pedagógico, foi ampliada após a divulgação de dados sobre feminicídio e violência contra a mulher em Santos Dumont, como contou o professor Wilson Nepomuceno: “o projeto tomou uma proporção maior depois da apresentação, pela Polícia Militar de Santos Dumont, do posicionamento da cidade como a oitava no ranking estadual de feminicídios em 2022”.

Nesse sentido, a professora Aline Vieira destaca que está “primeiramente comprometida com o tema, que é sensível e nos afeta direta ou indiretamente, e a gente sabe dos índices que o município apresenta”. E ela complementa: “a gente, enquanto professor e professora, orienta, faz a mediação do que acha que é o caminho, sempre ouvindo. E a gente está sempre buscando conscientizar e combater, não deixar que eles normalizem a violência no dia a dia”.

“A partir disso, a gente tem expandido, indo às escolas, às comunidades. Fizemos o júri simulado, que aguçou muito a parte jurídica e de proteção para as mulheres. E tivemos a ideia de criar o projeto ‘Juntas pela vida’ para combater a violência doméstica contra a mulher”, destacou Wilson. E firmamos uma parceria com a OAB de Santos Dumont, impulsionando a abertura da Sala Lilás, dedicada ao atendimento de mulheres que sofrem violência doméstica, familiar ou outras. 

O presidente da entidade no município, Sandro Vilela, comentou que o projeto é de fundamental importância para a conscientização sobre as formas de violência contra a mulher, demonstrando que tudo começa de forma muito sutil. A OAB soma forças à ação com a parte de orientação especializada. “Nós construímos na sede da instituição em Santos Dumont a Sala Lilás, que é um ambiente discreto, completamente descaracterizado dessa coisa sisuda de fórum, de delegacia, e onde nós temos oito advogadas que fazem o atendimento gratuito às mulheres vítimas de violência doméstica”, explicou Sandro.

Projeto pedagógico 

Para os professores Wilson Nepomuceno e Aline Vieira, também é importante destacar o protagonismo dos estudantes para o desenvolvimento da ação. Nesse sentido, Aline destaca que é importante ouvir os alunos e perceber as aptidões, respeitando as vivências e experiências dos discentes. 

Assim, “a gente consegue trabalhar um tema sensível de uma maneira artística e vem a potencialidade dos alunos por meio daquilo que eles gostam. Eles amam música, vídeo, essa linguagem audiovisual. Então a gente vai agregando tudo, a preferência dos alunos, a literatura (eles já haviam produzido vídeos para as aulas) e isso chega com essa potência toda. Porque sensibiliza e a gente vê mudança de postura na nossa própria escola”. E ela completa: “é o desenvolvimento de habilidades e, principalmente, a mudança na vida das pessoas e na nossa, porque a gente acaba mudando”.

O professor Wilson ainda observa que “o projeto emociona porque a gente deu protagonismo aos adolescentes, aos estudantes, para que eles produzissem”.

Ajuda especializada

A Sala Lilás, localizada na subseção da OAB em Santos Dumont (Av. Presidente Getúlio Vargas, 231 - 2º andar), promove o atendimento gratuito e sigiloso para as mulheres vítimas de violência doméstica. O atendimento feito por advogadas consiste nas questões jurídicas com medidas protetivas (afastamento, distanciamento), divórcio, guarda e orientações. 

Além disso, como informou o presidente da OAB em Santos Dumont, os atendimentos acompanhados pela Sala Lilás contam com atendimento direto e prioritário junto à Polícia Civil, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, tudo para o processo andar mais rápido. “Também temos ligação direta com o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Santos Dumont para que a gente possa solicitar, se for o caso, ações sociais que o município possibilita, como aluguel social, cesta básica. E psicólogos voluntários para fazer um atendimento inicial”, destacou Sandro. Havendo necessidade de intervenção mais drástica, a Sala Lilás tem parceria com o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do município.

A Sala Lilás também pode ser acionada no número (32) 99151-2610 (WhatsApp), das 9h às 18h. Importante: seja consciente e faça uso somente em caso de real necessidade.

Desde 2021, a cidade conta com a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD), da Polícia Militar, reforçando as ações no combate à violência contra a mulher.

No Campus

A exibição do curta faz parte de ação educativa promovida pelo Núcleo de Estudos em Gênero, Diversidade e Sexualidade (Negeds) do Campus Santos Dumont, o projeto “Diálogos para a vida IF ampliando redes”, coordenado pela psicóloga Luciana Sarmento, que também é vice-presidente do Negeds, e a Direção-Geral.