Ensino
Ensino Médio realiza a Mostra de Documentários: as faces da loucura
“A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia”. Essa frase de Michel Foucault traz o quanto o discurso sobre a loucura, ao longo de toda a história da humanidade, foi utilizado, muitas vezes, para desqualificar o interlocutor ou retirar-lhe a legitimidade.
Trazendo uma reflexão provocadora por meio de textos e uma visita técnica, a Professora Janaína Rufino apresenta na próxima quinta-feira, dia 22 de dezembro, o resultado deste trabalho com o evento "Mostra de Documentários: as faces da loucura".
A Mostra trata-se de filmes autorais produzidos pelos alunos dos 2º anos do Ensino Médio Integrado (EMI). Os documentários foram produzidos como requisito para a disciplina de Língua Portuguesa, que a Professora Janaína é responsável, após discussões em sala sobre a temática baseadas em textos jornalísticos e literários, vídeos, e uma visita técnica ao Museu da Loucura na cidade de Barbacena.
A "Mostra de Documentários: as faces da loucura" será realizada no mini anfiteatro do IF Sudeste MG- Campus SJDR no Prédio 02, dia 22 das 15:50 às 17:30. Todos os alunos do EMI, bem como pais, familiares e pesquisadores e profissionais interessados no tema estão convidados. O evento é gratuito.
Sobre o Museu da Loucura
Segundo o site http://www.ccms.saude.gov.br/ do Centro Cultural do Ministério da Saúde do governo federal, o Museu da Loucura foi criado para resgatar a memória da Assistência Psiquiátrica em Minas Gerais, em 16 de agosto de 1996. O Museu da Loucura, primeiro do gênero no País, objetiva promover reflexões sobre o tema loucura, com uma abordagem desmistificadora.
O Museu apresenta a evolução na trajetória da Psiquiatria como especialidade médica a partir do século XIX e enfoca a instalação, em 1903, da primeira Instituição Psiquiátrica de Minas Gerais, conhecida nacionalmente como Hospital Colônia de Barbacena, apontando os caminhos e descaminhos percorridos ao longo da história.
Em meio à demanda crescente de pacientes, aos preconceitos e às imposições políticas, o hospital se torna um local de isolamento, exclusão e abandono, resultando em internações compulsórias e um modelo asilar. A partir da década de 1970, com a filosofia da Reforma Psiquiátrica, a atenção aos pacientes tem uma virada, voltando o foco para os princípios humanitários.
A história do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena
Criado em 1903, inicialmente como Assistência aos Alienados do estado de Minas Gerais, a instituição foi instalada nas dependências do antigo Sanatório de Barbacena para tratamento de tuberculose, que estava desativado.
Nos primeiros 30 anos de funcionamento, o Hospital Colônia foi uma instituição conceituada e oferecia um atendimento humanizado aos pacientes, embora com métodos de tratamento pouco efetivos. Recebia enorme demanda de pessoas com transtorno mental, sifilíticos, tuberculosos e marginalizados para tratamento ou apenas para os isolar das comunidades.
Com muitos doentes e poucos recursos financeiros, materiais e, principalmente, humanos, o atendimento passou a ser deplorável e com altas taxas de mortalidade. O hospital tornou-se mero depósito de pessoas excluídas da sociedade e Barbacena ganhou o estigma de Cidade dos Loucos. O espaço destinado a ter 200 pessoas já chegou a atender 500 pessoas.
Em 1977, o Hospital Colônia ganha o nome de Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), uma unidade da antiga Fundação Estadual de Assistência Psiquiátrica (FEAP), e passa a integrar a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), fundada pela Lei Estadual nº 7.088/77.
Maus tratos, venda ilegal de cadáveres para faculdades de medicina, diversas foram as denúncias envolvendo o hospital, divulgadas na imprensa e até um documentário do diretor Helvécio Ratton entre os anos 1979 e 1996. O hospital passou por mudanças profundas nos últimos 30 anos na esteira dos movimentos pela luta antimanicomial. No entanto, estima-se que ao longo de sua história, cerca de 60 mil pacientes faleceram no hospital psiquiátrico e cerca de 2.000 corpos foram vendidos ilegalmente.
Atualmente, a instituição promove especial atenção à saúde, como assistência integral aos pacientes moradores do hospital, herança de um tempo em que não havia grandes preocupações com a reabilitação e reinserção na sociedade; assistência especializada a pacientes com transtornos mentais em fase aguda; ambulatório com atendimento ao público externo e a egressos da Unidade de Internação de Agudos, pacientes das Casas Lares e pacientes das Unidades de Longa Permanência; Oficinas Terapêuticas para moradores, pacientes da Unidade de Internação de Agudos e usuários externos do CHPB.