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CONTEXTO: Professores analisam o risco de uma nova crise e o futuro da geração de energia no Brasil

Professores do Campus JF explicam os motivos da possibilidade de problemas no fornecimento de energia elétrica e como funciona a matriz, além de apontar o futuro da geração de energia para o Brasil.

O Brasil entra no período mais seco do ano com o nível dos reservatórios de água abaixo do esperado. Isso se deve, de acordo com o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), ao baixo volume de chuvas registrado desde outubro de 2020, o menor índice dos últimos 91 anos. Por isso, o SNM emitiu em maio um alerta de Emergência Hídrica associado à escassez de chuvas para a região hidrográfica da Bacia do Paraná, que abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná para os meses de Junho a Setembro de 2021. E em função deste cenário e diante de um temor sobre um novo "apagão'', como o o que ocorreu entre 1 de julho de 2001 e 19 de fevereiro de 2002, a Assessoria de Comunicação ouviu professores do Campus Juiz de Fora para analisar este contexto.  

Por que o baixo nível de chuvas nas áreas dos reservatórios tem impactos tão significativos a ponto de levar o país à beira de uma crise elétrica? Segundo dados do Balanço Energético Nacional levantados em 2020, a energia produzida pelas usinas hidrelétricas é responsável por 65,2% da matriz elétrica brasileira. O professor João Paulo Lima de Miranda, do Núcleo de Geografia e  no curso técnico de Meio Ambiente, explica que o Brasil tem uma vocação natural para a geração de energia elétrica através dessa fonte, visto que o país possui muitos rios volumosos, especialmente na Amazônia, além dos chamados rios de planalto, que por terem quedas d’água, possuem potencial hidrelétrico.

Fonte: Balanço Energético Nacional

 

Além das características de relevo e clima que o Brasil possui, a geração de energia elétrica através das usinas hidrelétricas é, de acordo com a professora Isabela Miranda de Mendonça, do núcleo de Eletricidade, a que possui melhor custo-benefício entre as fontes que compõem a matriz elétrica brasileira. Por isso que, desde meados do século 20, o nosso país investiu, predominantemente, nesta fonte energética.

Em períodos de crise como o que estamos vivendo agora, com o baixo nível de água nos reservatórios, o governo federal aciona as usinas termelétricas movidas a carvão e a gás, para garantir a segurança do sistema elétrico brasileiro. Isso deve tanto para Isabela quanto para João Paulo, ao fato de que tais fontes são eficientes e não intermitentes, ou seja, que sua produção de energia é contínua, pois não sofre com as variações climáticas. No entanto, para mover estas usinas, o Brasil precisa importar tanto o gás, quanto o carvão, pois não possui produção suficiente para atender este tipo de demanda. O professor de geografia destaca, ainda, que o alto custo de operação das termelétricas é repassado para os consumidores, tanto os residenciais, quanto para as indústrias. “Isso quer dizer que toda a produção brasileira vai ficar mais cara e o consumidor que vai pagar mais caro duplamente, tanto na conta de luz pessoal, quanto nos produtos”, explica.

Para entender melhor como é calculado os valores da energia elétrica no Brasil, acesse esta matéria publicada anteriormente aqui em nosso site.

 

A matriz elétrica do Brasil e o futuro da geração de energia

As principais fontes de energia elétrica no Brasil são a hidrelétrica (cerca de 65,2%); termoeléctrica não renovável (carvão e derivados: 2,7%; derivados de petróleo 2,1% e gás natural: 8,3%), termoelétrica renovável (biomassa: 9,1%) eólica (8,8%), nuclear (2,2%) e fotovoltaica (1,7%). Segundo Isabela, apesar das diferentes fontes que compõem a matriz elétrica, ela explora menos da metade de seu potencial.

Ambos os professores concordam que é necessário mais investimentos em recursos energéticos renováveis e também em tecnologia, para aumentar a capacidade de geração de energia através da biomassa e das usinas eólicas e fotovoltaicas, possibilitando ampliação e maior diversificação da matriz. “É preciso políticas públicas que incentivem o crescimento das energias alternativas, bem como a formação de profissionais qualificados em cada área”, explica Isabela.

De acordo com João Paulo, como vivemos em um novo paradigma ambiental, onde a preservação do meio ambiente é essencial, “o ideal é nós investirmos em fontes de energia consideradas sustentáveis e limpas”. Além disso, ele destaca que, se o Brasil ficar para trás no incentivo a fontes de energia renováveis, pode pagar caro por isso. “Então, a gente tem acompanhado que caso os países não pensem em iniciativas sustentáveis, eles vão sofrer represálias, como corte de investimento. Principalmente, em países em desenvolvimento como o Brasil. Então esse caminho é inevitável. É um caminho positivo”, conclui.

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