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Contexto: Psicóloga fala sobre saúde mental e apresenta ações realizadas no Campus JF
Se toda a dinâmica acadêmica pode ser cansativa e difícil por si só, no contexto de isolamento social e ensino remoto tudo se tornou mais complexo. Para discutir sobre os impactos da pandemia na rotina escolar e ressaltar a importância de se falar sobre saúde mental em ambientes educativos, convidamos a psicóloga Vanessa Zanetti, do Campus Juiz de Fora. Ela apresenta as iniciativas da instituição com relação ao acompanhamento psicológico e define os principais desafios para esse novo momento pelo qual passamos.
Numa pesquisa realizada em 21 países, o Brasil foi o que apresentou o maior índice de universitários com algum problema de saúde mental decorrente da pandemia, cerca de 76%. O estudo, feito por uma organização sem fins lucrativos ligada à empresa de tecnologia educacional Chegg, dos Estados Unidos, indicou que houve aumento de ansiedade e estresse em 97% dos entrevistados. 17% do total chegaram a ter pensamentos suicidas, mas apenas 21% procuraram ajuda. Neste estudo, foram ouvidos 16,8 mil estudantes de 18 a 21 anos. Fora do contexto pandêmico, um em cada cinco adolescentes enfrenta problemas de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como explica Vanessa, esses são dados preocupantes, visto que grande parte dos transtornos mentais entre jovens não é tratada ou sequer diagnosticada. “Geralmente, os transtornos de humor aparecem na forma de inquietação, ansiedade, tristeza constante, indisposição e outros sinais de depressão. Entretanto, quando existe na escola um espaço de acolhimento em saúde mental, essa realidade pode ser diferente e a escola pode se tornar um espaço privilegiado de intervenção”, explica.
A psicóloga aponta que um baixo rendimento acadêmico e uma desmotivação em relação aos estudos são sinais de alerta que ajudam a identificar estudantes neste perfil. No Campus, é possível agir precocemente antes dos sintomas se agravarem, com intervenções breves de acolhimento e orientação ao aluno e seus familiares. Com a consciência do problema e apoio da família, é possível conseguir uma melhora significativa, mas Vanessa completa que nem sempre isso é suficiente. “Quando percebo que há necessidade de um acompanhamento clínico mais prolongado, ou até mesmo medicamentoso, encaminho os estudantes para atendimento na rede de saúde do nosso município”.
Segundo o Internacional Covid Suicide Prevention Research Consortium, grupo de pesquisadores que tem monitorado o impacto da pandemia sobre as taxas de suicidio pelo mundo, não houve aumento significativo de suicídios no ano de 2020. Mesmo diante das condições pelas quais passamos e do mal estar imposto pela pandemia, o cuidado com a saúde mental e as discussões sobre o assunto ajudaram a não termos um crescimento desses números. E esse é um aspecto positivo decorrente da experiência do isolamento social, como aponta Vanessa. “Nunca falamos tanto em saúde mental como agora. Talvez as pessoas estejam mais sensíveis e atentas aos sintomas e, por isso, estejam mais abertas a buscar ajuda profissional. No Campus, houve um aumento da demanda por atendimento psicológico neste período, mas ainda é cedo para avaliarmos as consequências que o luto e mal estar generalizado vão impactar a vida de cada um de nós.”
O Campus Juiz de Fora tem oferecido um espaço virtual de acolhimento e orientação a todos os que necessitam de suporte emocional, oferecendo uma escuta qualificada aos membros da comunidade acadêmica. “A demanda por atendimento e orientação aumentou muito. Em um campus grande como o nosso, tem se tornado difícil administrar as demandas apresentadas, em virtude do volume e da complexidade do trabalho. O desafio que se coloca atualmente é a dificuldade operacional para colocar em prática iniciativas que ampliem o trabalho que vem sendo realizado.” Vanessa conta que estão sendo discutidas formas de expandir esse atendimento com a criação de eventos, palestras e rodas de conversa que promovam a saúde mental de forma coletiva na instituição.
“Com a experiência do isolamento social que perdurou por muitos meses, a queixa mais frequente é de cansaço. Do isolamento, do ensino remoto e de todas as limitações que nos são impostas neste momento. Todos estão com a saúde mental um pouco abalada, mas isso é natural, não tínhamos como passar por tudo isso sem nos afetar de alguma maneira.” Ela acrescenta que, a partir de agora, teremos que começar a nos preparar para um eventual retorno ao presencial e a nos readaptar, tendo muita empatia e compreensão com nossos colegas, que podem ter mais ou menos dificuldade nesse processo.
O que é feito no Campus Juiz de Fora?
Abaixo, estão listadas as possibilidades de acompanhamento e atendimento psicológico oferecidas pelo Campus Juiz de Fora. Todos os atendimentos podem ser agendados através do email vanessa.quintao@ifsudestemg.edu.br.
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Para estudantes:
Atendimentos individuais online (Aconselhamento Psicológico): acolhimento inicial aos estudantes que demandam por suporte emocional. De caráter preventivo, informativo e de orientação individual, procura auxiliar na clarificação e organização de uma situação de crise, apoiando a busca conjunta de estratégias de enfrentamento e resolução de problemas a partir de recursos do próprio estudante e de sua rede de apoio.
Rodas de Conversa Online com os estudantes: lugar de reflexão que extrapola os problemas mais imediatos do cotidiano escolar e favorece o compartilhamento de ideias e experiências.
Atendimentos individuais online a pais ou responsáveis: atendimentos sobre as possibilidades de manejo da ansiedade, estresse ou apatia dos estudantes quanto aos desafios do ensino remoto.
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Para servidores:
Canal de agendamento para atendimento em saúde mental: o acompanhamento dos servidores do IF Sudeste MG fica a cargo da Equipe da Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (CAS) da Reitoria. O agendamento pode ser feito através de formulário, disponível neste link:.