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Projeto de Iniciação Científica publica estudo sobre a planta Cróton em revista internacional

O artigo é fruto de pesquisa desenvolvida pela professora Narah Costa Vitarelli, do Núcleo de Biologia. A publicação contou com parceria de pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do Instituto de Botânica de São Paulo e do Real Jardín Botánico de Madrid (RJB-CSIC), da Espanha.

"The Amazonian Croton mollis (Euphorbiaceae): morphology and leaf anatomy help to understand its preference for the extreme igapó habitat" é o título do artigo publicado pela professora Narah Costa Vitarelli, do Núcleo de Biologia do Campus Juiz de Fora, com a co-autoria de Ester Moreira Soares, bolsista e aluna egressa do curso técnico em Eletromecânica Integrado, na revista internacional Flora, um periódico sobre botânica publicado desde 1818. 

O trabalho é fruto de uma pesquisa feita através de um projeto de iniciação científica e em parceria com os pesquisadores Nádia Somavilla, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Ricarda Riina, do Real Jardín Botánico de Madrid/Consejo Superior de Investigaciones Científicas (RJB/CSIC) da Espanha; além de Otávio Luis Marques da Silva, do Instituto de Botânica de São Paulo. Na publicação, o projeto buscou compreender as estratégias adaptativas de uma espécie de planta, a Croton mollis, que sobrevive sob condições ambientais extremas que são típicas dos igapós da Amazônia.

Segundo Narah, os igapós são ecossistemas associados às margens dos rios amazônicos (de águas claras ou escuras) e apresentam solos pedregosos ou arenosos pobres em nutrientes. A vegetação fica sujeita às condições extremas geradas pela drástica variação do nível de água dos rios nas épocas de cheia/seca. Durante a época de estiagem, quando o nível do rio baixa muito, as plantas sofrem com a escassez hídrica devido à baixa retenção de água no solo e durante a época de cheia a vegetação pode chegar a ficar completamente submersa pelas águas dos rios amazônicos. “Compreender as adaptações das plantas frente a essas condições extremas é de fundamental importância para que possamos estabelecer estratégias de conservação da flora dos igapós da Amazônia”, explica.

O objeto de estudo foi uma espécie do gênero Croton da família Euphorbiaceae, a mesma da mandioca, da seringueira, da mamona e tantas outras espécies de grande importância econômica, alimentícia e medicinal. A professora de Biologia já trabalha com este gênero, um dos maiores do grupo das angiospermas, desde a sua graduação. De acordo com ela, o Croton é um gênero extremamente importante e estratégico em termos de estudo, porque é considerado um dos maiores dentre as angiospermas. “Um dos centros de diversidade de Croton é justamente aqui no Brasil, então eu entendo que é papel dos pesquisadores brasileiros entender e conhecer muito bem a sua Flora, para que a gente possa traçar estratégias de conservação e de uso sustentável”.

Nesse sentido, ainda segundo Narah, o gênero Croton tem espécies importantes, porque são ricas na produção de estruturas secretoras, que são os centros de produção dos metabólitos secundários no corpo das plantas. Os metabólitos são secreções que estão relacionadas com a adaptação das plantas ao meio e com a interação das plantas com outros animais. Além disso, a bolsista Ester destaca que, para os humanos,  tais secreções são uma importante fonte do chamado princípio ativo, recurso natural com potencial de uso medicinal e cosmético. Isso demonstra a importância das estratégias de preservação da flora brasileira. 

A espécie Croton mollis é encontrada nos igapós da Amazônia e, durante a pesquisa, foi encontrada uma grande riqueza de estruturas secretoras, o que aponta esta espécie como de grande potencial medicinal. A professora verificou que as folhas são importantes órgãos relacionados à estratégia de sobrevivência desta espécie e que permite a sua distribuição nos igapós amazônicos, como por exemplo a potencial capacidade de absorção de água e nutrientes por estruturas foliares, usando a umidade atmosférica. “O que é extremamente interessante para esta espécie, que passa grande parte do ano com as raízes distantes do curso de água do rio e sobre um solo com baixa retenção de água e nutrientes”, ressalta Narah.

A docente do núcleo de Biologia destaca as contribuições feitas pelos pesquisadores parceiros do projeto. A professora Nádia Somavilla, do Departamento de Botânica da UFJF, contribuiu com a pesquisa laboratorial da anatomia foliar em microscopia de luz. Já Otávio Luis Marques da Silva, do Instituto de Botânica de São Paulo, fez o mapeamento de potenciais ecossistemas, locais em que Croton mollis ocorre na Amazônia. Narah destaca também a importância da colaboração internacional da pesquisadora Ricarda Riina, do RJB/CSIC da Espanha, que é uma das maiores especialistas em Croton, além da importância de uma publicação como esta para o nosso instituto. “Toda a equipe trabalhou de forma colaborativa e com muita dedicação para que esta publicação se tornasse uma realidade, o que coloca o IF Sudeste MG num patamar de pesquisa de amplo alcance no cenário científico internacional”, conclui.

Esta reportagem integra a série especial "Feira de Ciências", iniciativa que tem por objetivo mostrar todos os projetos de treinamento profissional, pesquisa, extensão e ensino desenvolvidos no Campus Juiz de Fora do IF Sudeste MG.

 

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