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CONTEXTO: Conheça práticas que reduzem o impacto ambiental nas construções
O setor industrial é o principal responsável pelo esgotamento de recursos naturais, gerando desequilíbrio ambiental e colocando em risco todas as espécies que habitam o planeta. Dentre as práticas que envolvem a produção e geração de serviços, está o setor da construção civil, que já encontra meios de construir causando menos impacto ambiental, seja através da reciclagem de resíduos da construção, no uso de materiais menos nocivos para o meio ambiente, ou ainda, através de projetos que valorizam a ventilação natural, uso de água de chuva, uso de energia solar, entre outros. Na editoria contexto da semana, a professora Maria Ernestina Fidelis, do Núcleo de Construção Civil, faz uma análise sobre o setor.
O conceito de construção sustentável surgiu na década de 1970, com o objetivo de contornar a crise do petróleo que elevou o aumento do combustível, e desde a década de 1990 o segmento vem ganhando força. No Brasil, práticas sustentáveis na construção têm se popularizado cada vez mais, levando o país a ocupar a 5ª posição mundial no ranking da certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), sistema internacional que fomenta práticas sociais e ambientais através de projetos e edificações com foco na sustentabilidade em suas atuações.
Certificações ambientais
São utilizados diferentes critérios de avaliação de acordo com as certificações ambientais existentes. No Brasil, os principais sistemas de certificação para edificações são o Selo Casa Azul + CAIXA e Selo Procel Edificações. O Selo Procel tem como objetivo identificar edificações com melhor desempenho na eficiência energética, já o Selo Casa Azul, criado pela Caixa Econômica Federal, busca fomentar a construção habitacionais com propostas sustentáveis de acordo com o cenário habitacional brasileiro.
Para que isto seja possível, é preciso alinhar três pilares da sustentabilidade: o econômico, o ambiental e o social, para que os custos e insumos utilizados nas as construções sejam viáveis, gerando não só benefícios ambientais mas também sociais, como melhor qualidade de vida e economia nos gastos domésticos. A importância social é ainda mais abrangente, trazendo benefícios que vão desde a geração de novos empregos, até mesmo bens coletivos para a comunidade em geral. um bom exemplo é a aplicação do Selo Casa Azul.
A aplicação consiste na implementação de práticas que contribuem para tornar a construção habitacional mais sustentável, de forma que adotem soluções eficientes que vão desde a execução do projeto até a ocupação e manutenção das edificações. Para que uma habitação receba a certificação ambiental, é necessário que cumpra critérios já estabelecidos pelo órgão responsável. Dentre esses critérios, alguns estão relacionados à questão de práticas sociais. O programa Selo Casa Azul sugere que a contratação de 20% do total de empregados da obra seja para a população local ou que seja feita a contratação de empresas locais para o fornecimento de material e/ou serviços.
“Este tipo de ação na construção civil é grande geradora de empregos, na qual grande parte dos trabalhadores recebem salários baixos, devido à baixa produtividade. Cabe ressaltar que os trabalhadores do ramo têm a situação agravada pela informalidade, que inclui o não cumprimento de obrigações sociais da força de trabalho em toda a cadeia produtiva”, aponta Maria Ernestina.
Práticas sustentáveis
Para que um projeto esteja de acordo com as normas de certificação é necessário que todas as etapas da obra estejam alinhadas com práticas sustentáveis, desde a escolha dos materiais utilizados até o descarte correto dos resíduos. Com a modernização do segmento, a utilização de softwares tornou-se um grande aliado na elaboração dos projetos e no acompanhamento das obras, facilitando e simplificando processos.
Dentre as possíveis aplicações de práticas sustentáveis estão: “o emprego de lâmpadas que consomem menos energia, como as de LED; materiais sustentáveis como o concreto reciclado; aproveitamento da iluminação e ventilação natural, módulos solares, captação e reaproveitamento da água das chuvas, jardins verticais e telhados verdes, entre outros”, aponta Maria Ernestina.
Os benefícios na adoção das práticas vai muito além da redução no impacto ambiental, favorecendo também a economia doméstica e a qualidade de vida em centros urbanos. O uso de chuveiro pressurizado, por exemplo, pode gerar economia de até 70% de água, uma outra opção é investir em energia solar. O sistema pode reduzir até 95% no valor da conta de luz, além de possuir até 25 anos de vida útil.
“Algumas pesquisas indicam que o custo adicional de uma edificação sustentável em relação a uma edificação convencional é de 2% a 3%, na maior parte dos casos, podendo chegar a até 10%. Além dos benefícios socioambientais já mencionados, tais edifícios possuem reduções nos custos de condomínio e manutenção (até 40% menor), energia e água (até 50% menor) ao longo de sua vida útil, bem como permitem a valorização do imóvel, ganhos em saúde e produtividade das pessoas que o utilizam”, finaliza Maria Ernestina.