Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Juiz de Fora > 2021 > 12 > Pesquisadora alerta sobre os riscos das fake news e apresenta formas para evitar desinformação
conteúdo

Geral

Pesquisadora alerta sobre os riscos das fake news e apresenta formas para evitar desinformação

Carla Montuori, pesquisadora e professora da Universidade Paulista, fala sobre educação midiática e aponta maneiras para checagem de informações na internet

De curiosidades estranhas sobre celebridades ou países distantes ao questionamento sobre a eficácia das medidas de prevenção contra a pandemia de COVID-19, as notícias falsas sempre estiveram presentes na internet. Mas engana-se quem pensa que o fenômeno é tão recente quanto a rede mundial de computadores. Para falar sobre como as chamadas fake news podem ser prejudiciais e apontar possíveis soluções para evitar a desinformação, convidamos a professora e pesquisadora da Universidade Paulista, Carla Montuori, que também colabora com o Campus Juiz de Fora em projeto de extensão para promover a Literacia Midiática. 

Apesar de o termo fake news ter surgido mais recentemente, após o ex-presidente americano Donald Trump utilizar uma série de estratégias eleitorais baseadas em informações não comprovadas que permitiu sua vitória nas urnas, as notícias falsas possuem um histórico bem mais antigo sob a forma de rumores e boatos, como explica Carla. “O rumor sempre esteve presente em muitos acontecimentos ao longo da humanidade, sendo que o termo está vinculado direta ou indiretamente a dados críveis ou factíveis de serem acreditados, que possuem um contexto de verossimilhança e que surgem inicialmente pela ausência de informação e/ou por ansiedade.” 

No contexto das redes sociais, a desinformação adquire um novo caráter, em função do processo de desintermediação, que a partir da web 2.0 ressignificou o papel dos usuários, que de consumidores se transformaram em produtores de conteúdo. Antes da ascensão da internet, o conteúdo jornalístico passava pela apuração das mídias tradicionais e hegemônicas, como jornais impressos, de TV, ou programas de rádio. Com a explosão do ambiente virtual e a aparente democratização dos fluxos informativos, distintos agentes sociais passaram a ter voz. Sendo assim, agora qualquer pessoa pode produzir um conteúdo que se assemelhe à uma notícia e propagá-la para milhares de pessoas.

“Diante disso, entendo que seja necessário educar o cidadão para consumo da mídia digital, investindo em projetos públicos de literacia midiática. É preciso oferecer instrumentos para que seja possível distinguir conteúdos falsos, como também orientações sobre as implicações éticas de disseminar qualquer informação que esteja disponível no ambiente virtual. Indico ainda a necessidade de fortalecer o Marco Civil da internet, com leis específicas de combate às fake news no país”, aponta Carla.

Existem distintos sites de checagem de dados que atuam ao lado das grandes produtoras de notícias no combate às notícias falsas. Esses sites atualizam diariamente o conteúdo indicando informações enganosas para as agências, e essas checagens estão disponíveis para qualquer cidadão. A função desempenhada por eles vai desde a consulta do link da notícia e das imagens, até a verificação de datas e outras informações presentes na matéria, como o contexto da informação. Muitas agências, inclusive, criaram selos para enquadrar o conteúdo com falso, verdadeiro ou parcialmente falso. No nosso Instagram, fizemos um post com a indicação de diferentes portais que fazem este serviço, confira aqui.

Carla reforça que é necessário se esforçar para evitar a propagação de notícias falsas. Caso haja alguma dúvida, deve-se sempre verificar o texto antes de enviar a amigos ou parentes, pois os riscos que isso pode trazer são distintos. “Eles vão desde a ampliação de polarizações políticas, somado ao aumento da intolerância e do fortalecimento de movimentos antidemocráticos, até golpes e fraudes que circulam com base em conteúdos falsos no espaço on-line. No âmbito da ciência, especificamente da saúde pública, como vivenciamos com a pandemia da COVID-19, os riscos aumentam na medida que a ausência de informação assertiva pode levar o indivíduo ao erro, sobretudo na busca do tratamento, prevenção e controle de muitas enfermidades”, conclui.

 

registrado em: