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Em homenagem às mulheres, Campus JF destaca a representatividade feminina na literatura

a Assessoria de Comunicação entrevistou a professora Patrícia Botelho, do Núcleo de Línguas, para falar sobre a importância da presença feminina na literatura

Apesar das limitações no meio social impostas às mulheres, a literatura foi um recurso importante para a luta e busca por direitos mais equânimes, através das diversas formas de expressar ideias, vivências e questionamentos de princípios que cerceiam suas vidas. A dedicação por atividades intelectuais possibilitou meios de comunicação para grupos marginalizados que raramente eram escutados, levantando discussões acerca de temas inerentes à mulheridade e que, no entanto, nunca foram discutidos com atenção e profundidade. Entrevistamos a professora do Núcleo de Línguas, Patrícia Botelho, para analisar essas questões. 

A literatura produzida por mulheres inverte a lógica presente nas obras masculinas, nas quais era comum a ausência de personagens femininas nas obras, ou com a romantização que representa a figura da mulher como objeto e não como sujeito.  Assim, ocorre um processo de formação identitária para além dos estigmas reforçados em textos datados, possibilitando que essas narrativas sejam construídas em primeira pessoa, com falas de autoafirmação. No entanto, o processo não foi tão simples. Por volta do século XIX, mulheres que desejavam alcançar relevância no meio artístico e publicar suas obras precisavam utilizar pseudônimos, ou seja, nomes fictícios para manter sua identidade preservada e evitar o ostracismo. 

“A questão dos pseudônimos foi usada durante muito tempo por mulheres que queriam escrever e não tinham seus livros publicados por serem suas autoras do gênero feminino. Precisamos lembrar, como muito bem disse Djamila Ribeiro em sua obra Quem tem medo do feminismo negro?, que, numa sociedade machista, impõe-se a criação de papéis de gêneros como forma de manutenção do poder, negando-se humanidade às mulheres. Dizer por exemplo que mulheres são naturalmente maternais e que devem cuidar de afazeres domésticos naturaliza opressões que são construídas socialmente e que passam a mensagem de que o espaço público não é para elas”, pontua Patrícia. 

No Brasil, a autora Nísia Floresta Brasileira Augusta foi pioneira ao se tornar uma das primeiras mulheres da história do país a publicar seus textos em jornais, em 1932. No entanto, grandes autoras precisaram utilizar pseudônimos ou o anonimato  como artifício para conseguirem projeção em suas obras, como é o caso da romancista inglesa, Jane Austen, escritora de grandes obras como Orgulho e Preconceito, assim como as irmãs Brontë, autoras do livro O morro dos Ventos Uivantes, que escondiam sua identidade feminina através do pseudônimo “Irmãos Bell”. Atualmente, os livros podem ser encontrados com seus nomes verdadeiros através do Projeto Gutenberg, biblioteca virtual que disponibiliza mais de 60 mil e-books gratuitos. 

Apesar dos avanços, de acordo com o levantamento da organização americana Vida - Women in Literary Arts, foi observado que livros escritos por mulheres ainda têm menor relevância de acordo com os parâmetros editoriais, sendo menos revisados por críticos do que os escritos por homens, além de artigos e outros gêneros textuais serem publicados em menor escala em revistas especializadas. No Brasil, a desigualdade de gênero pode ser observada na instituição literária de maior relevância nacional, a Academia Brasileira de Letras (ABL). Durante os primeiros 80 anos de existência, nenhuma mulher havia feito parte da instituição. Com regimento interno que proibia a vinculação de mulheres como membros, somente em 1977 que Rachel de Queiroz modificou a história e tornou-se a primeira mulher a ingressar na Academia. 

Há a necessidade para além da inclusão de novas autoras na literatura, também a valorização dos tantos nomes já consagrados que representam o pioneirismo e a ruptura com imposições socioculturais históricas limitantes. “A leitura é uma ferramenta estruturante para o desenvolvimento pleno do potencial humano das minorias, possibilita melhor compreender as metáforas e nos ensina a termos visões de mundo heterogêneas. Para as mulheres, de forma especial, a leitura contribui e muito para a educação feminista, para a formação de identidade, para uma conscientização mais crítica da sociedade”, pontua Vânia de Paula, bibliotecária e documentarista do Campus Juiz de Fora. 

“Nós seremos sempre resistência através da linguagem falada e/ou escrita porque nosso instrumento de trabalho é a educação e é por meio dela que os seres humanos devem fazer uso de seu conhecimento prévio de vida para interpolar com o conhecimento acadêmico. Nosso intento é ensinar que toda forma de linguagem é válida e pode ser potente, assim, a literatura pra mim é isso que manifestei acima. Uma forma de (re)pensar nossa sociedade, de nos colocarmos no lugar do outro, de refletirmos sobre nós mesmos”, afirma Patrícia.  

Empréstimo de livros no Campus JF

Algumas das autoras e obras citadas na matéria estão disponíveis na biblioteca do Campus Juiz de Fora e o empréstimo pode ser feito por qualquer pessoa que tenha vínculo com o instituto. Para isso, é necessário que os alunos tenham o número de matrícula em mãos, para que seja feito  o cadastro na Biblioteca e assim ter acesso a diferentes obras que o acervo oferece - De Jane Austen, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector a Jojo Moyes e Isabela Freitas. 

A consulta dos livros disponíveis pode ser feita on-line e não é necessário fazer login. Basta clicar no link http://phl.jf.ifsudestemg.edu.br/, clicar em <buscas> e digitar o sobrenome do autor, título do livro ou assunto (palavras-chaves). Qualquer pessoa que tenha vínculo com o campus pode pegar até quatro livros, com permanência por até sete dias, podendo fazer até dez renovações on-line, de forma prática e rápida, através de qualquer dispositivo com acesso à internet, principalmente celulares, sem a necessidade de baixar nenhum aplicativo.

“Sinto que a leitura é uma espécie de super poder: é através da leitura que podemos estimular a criatividade, exercitar o cérebro, melhorar a concentração e a memorização, enriquecer e ampliar o vocabulário, desenvolver o senso crítico e dinamizar o raciocínio e a interpretação. Durante a leitura descobrimos um mundo novo, cheio de coisas desconhecidas e somos transportados para um outro universo. Então, leia sempre... e lembre-se que ‘ler é um ato de poder!’’’, finaliza Vânia. 

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