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Pesquisa aponta relevância do ensino de educação física para população em cárcere

Leonardo do Carmo, aluno da pós-graduação em Metodologia da Educação Física Escolar, relaciona ensino da disciplina com percepção da imagem corporal entre detentos

Como conclusão de sua pós-graduação em Metodologia da Educação Física Escolar, o aluno Leonardo do Carmo realizou a pesquisa intitulada “Uma revisão sistemática sobre a imagem corporal de pessoas privadas de liberdade e a relevância da educação física no sistema prisional”. O trabalho, orientado pelo professor Silvio Fernandes, apresenta uma sistematização da produção científica nacional sobre a imagem corporal de pessoas privadas de liberdade no contexto prisional e sobre o ensino da educação física escolar no sistema prisional. 

Leonardo aponta que a ideia de imagem corporal pode ser entendida como representação mental do nosso próprio corpo. Como a educação física escolar funciona como uma fonte de vivências corporais, é relevante ter uma visão ampliada de seu valor no ambiente de cárcere para tratar de conteúdos como os distúrbios de imagem corporal. “O objetivo do estudo, além de sistematizar as evidências disponíveis sobre imagem corporal de detentos e detentas na literatura, foi trazer uma reflexão sobre como a oferta da educação física pode contribuir com a diminuição dessas distorções na comunidade encarcerada”, explica.

Embora não tenha sido sua primeira ideia, a proposta de reflexão veio ao encontro da perspectiva que Leonardo tinha para sua monografia. “Inicialmente, o projeto visava fazer uma avaliação da imagem corporal de detentos nos presídios de Juiz de Fora. Entretanto, com a pandemia de COVID-19, houve uma lei federal que não permitia o contato dos presos com pessoas externas, de modo a se evitar o contágio dos encarcerados, o que impediu que a pesquisa seguisse dessa forma.” 

Com esse novo enfoque, a metodologia utilizada para desenvolvimento da pesquisa foi a revisão sistemática, que permitiu levantar informações previamente publicadas sobre o tema. A busca foi feita através do Google Acadêmico, plataforma virtual para busca de literatura acadêmica. Não foram definidas datas de intervalo das publicações para realizar um levantamento histórico abrangente que encontrasse desde os primeiros estudos acerca do tema. Sendo assim, foram reunidos artigos, dissertações e teses em português, nos quais o autor observou as alterações psicossociais que o contexto prisional causa nos detentos. 

O pesquisador coloca que, o material científico produzido no Brasil ainda é muito escasso no que tange ao trabalho do professor de educação física neste contexto. "O que é encontrado, na maior parte das vezes, não leva o foco à prática docente em si, mas a atividades físicas, oficinas e projetos que tais profissionais desenvolvem nesses ambientes. Isso deixa claro que a educação física é encarada como atividade não formal dentro das escolas no cárcere, diminuindo sua importância enquanto atividade educativa formal."

Como resultado, foi constatado uma baixa produção científica sobre o tema numa perspectiva de fortalecer as políticas públicas, o cuidado em saúde e o protagonismo da educação física enquanto disciplina da educação básica dentro das penitenciárias. "Além disso, verifica-se uma urgência de pesquisas que abracem um conceito integral de saúde, incluindo suas dimensões física, mental e social, para que o planejamento e realização de ações para a população carcerária ultrapasse as dimensões biológicas e corporais", conclui Leonardo.

 

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