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Dia da Língua Portuguesa: a literatura como um caminho

Conheça um projeto de extensão do Campus JF que se propôs a seguinte pergunta: como promover a leitura em sala de aula? A resposta deu fruto a uma série de materiais didáticos de literatura - que logo estarão disponíveis para professores de todo o país.

6 de junho de 2022. Há um ano, numa reunião on-line, cinco pessoas de três cidades diferentes, propunham-se a uma missão - responder à seguinte pergunta: como promover a leitura literária em sala de aula? A explicação, fundamentada num ostensivo trabalho, buscou trazer a solução para muito além da realidade do próprio quarteto. O projeto de extensão, recém finalizado, deu origem a sete materiais didáticos para o ensino de literatura a estudantes do ensino fundamental e médio que, futuramente, estarão à disposição de professores de todo o país.  

Artur Gonçalves, Joseani Netto, Patrícia Botelho, Mariana Campos  e Thuanny Nascimento são os nomes que assinam as capas dos materiais elaborados por muitas mãos - principalmente daqueles que lhes apresentaram aos livros. Concebidos numa temática diferente para cada ano, os conteúdos retratam as páginas que vivemos e as suas entrelinhas, reunindo distopias, literatura feminina negra e o primeiro gênero poético genuinamente brasileiro: a aldravia. Ao final de cada estudo o aluno toma o lugar de autor para experienciar e desenvolver sua produção literária. 

A Escola Estadual Engenheiro Henrique Dumont, localizada na cidade de Santos Dumont, será o primeiro cenário da história destas obras. A instituição escolhida para a parceria é justamente onde a colaboradora externa Joseani Netto concluiu o ensino regular e, após graduada em Letras, retornou para ser professora pela primeira vez. 

Segundo a professora, que já leciona há 30 anos, sua preocupação é não deixar que questões puramente gramaticais ditem o ensino. "É na aula de português onde descobrimos as facetas da nossa língua, principalmente a afetiva e sensível - que mora na literatura", complementa. 

“Bem vindos à vida [...]”

Thuanny e Artur, graduandos em Letras no Campus São João Del Rei, compartilham uma história muito semelhante: formados na rede pública, cresceram e estudaram na zona rural próxima à cidade histórica. O contato com os livros, nas poucas vezes em que lhes foram apresentados, agiu como encontro de alma. A paixão dos dois pela literatura tornou-se o ponto de partida de um projeto ao qual jamais cogitaram fazer parte - a democratização da literatura, para que histórias como as suas pudessem ser reescritas por novos personagens. 

Thuanny e Artur em entrevista à comunicação do Campus JF

A semelhança entre os dois também refletiu-se na resposta da pergunta central da entrevista: “O que vocês diriam ao jovem que irá estudar as obras que vocês criaram?”. Para a fala tão carregada emocionalmente que se sucedera, não refletiram nem um segundo - sinal de que o pensamento já pairava e, enfim, poderiam externá-lo com a devida ternura: “Diria que eles estão tendo uma oportunidade que eu não tive”, respondem os dois. 

Artur, um pouco mais tímido, pareceu justificar o nervosismo perante as palavras tão bonitas que escolheu acrescentar aos futuros leitores: “Sejam bem-vindos à literatura, à vida e a tudo de bom que ela tem para oferecer”.

Aldravia: a literatura como um caminho

Talvez seja do "tudo de bom para oferecer" citado por Artur que a poeta e uma das fundadoras do movimento, Andreia Donadon, inspira-se para retratar o gênero que traz o máximo de poesia com o mínimo de palavras, limitando-se a apenas seis versos de uma só palavra. "É como descrever o universo em seis cápsulas", brinca. 

aldravias
buscam
continentes
em
longínquas
porções
Andreia Donadon

 O gênero em questão guiou os estudos e exercícios das obras do ensino fundamental e, no projeto, encontrou mais um espaço para cumprir o seu maior propósito: tirar a poesia do seu pedestal e colocá-la ao alcance de todos.  

Atualmente, os materiais didáticos aguardam o devido registro na Câmara Brasileira do Livro, para serem entregues à escola parceira e disponibilizados para download por educadores de todos os cantos do Brasil - o último passo que esta fábula contribua, enfim, para a construção de incontáveis histórias reais.  

 Por Fábio de Cácia, estagiário em jornalismo sob supervisão de Laura Chediak 

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