Geral
Empoderar para lutar pelo fim da violência e das desigualdes contra as mulheres
No Dia Internacional da Mulher, convidamos você a um desafio. Responda sem pensar muito:
Quem tem o poder sobre sua vida?
Se você respondeu “eu mesma”, parabéns, você é uma mulher empoderada!
O termo empoderamento feminino tem estado muito in voga, mas, apesar de uns narizes torcidos e de muitas teorias acerca dele, na verdade, seu significado é bem simples: empoderar pode ser entendido como “dar poder”. E, portanto, o empoderamento feminino significa dar poder às mulheres, seja através de condições mais igualitárias, seja através de maior autonomia. Na verdade, uma coisa leva à outra.
O empoderamento feminino é a conquista da mulher de ter o domínio sobre a própria vida em vários aspectos como o financeiro, emocional, social, político, de gênero, educacional, físico e outros. É a ação de tomar poder sobre/para si", afirma Wanderléia da Consolação Paiva, professora de psicologia do Campus Barbacena.
Mas não depende apenas da vontade da mulher. Segundo a professora de psicologia do Campus Barbacena, Wanderléia da Consolação Paiva, empoderar-se é uma dialética entre o interno e o externo: ”A mulher precisa ter iniciativa, coragem, pró-atividade e ambições que são próprias de si mesmas e essas características podem ser potencializadas e amparadas por outras mulheres nos movimentos sociais, nas conquistas de novos direitos e nos laços sociais dados com outros setores em opressão. O empoderamento feminino é a conquista da mulher de ter o domínio sobre a própria vida em vários aspectos como o financeiro, emocional, social, político, de gênero, educacional, físico e outros. É a ação de tomar poder sobre/para si. É a condição em que o individual se encontra com o social e a história de cada mulher se junta às histórias de outras mulheres que lutam por direitos, espaços e reconhecimentos”.
A professora explica ainda que o termo vem ganhando destaque nos últimos anos graças ao avanço das discussões feministas e, à medida que mais mulheres ousaram lidar com o machismo, “o empoderamento feminino” vem aparecendo, de forma manifesta ou latente, ganhando força e alcançando mais mulheres no ato de se empoderar.
A atriz e roteirista Lívia La Gatto é uma das mulheres do nosso tempo que ousaram lidar com o machismo. Indignada com as ideias do influencer Thiago Schutz, que se apresenta como “coach da masculinidade”, ela fez uma paródia em sua rede social, sem citar nomes. No entanto, Schutz a respondeu em tom de ameaça.
O autodenominado coach usa suas redes sociais e dá até curso online sobre a filosofia dos red pills: homens que acreditam que são superiores às mulheres e que o feminismo deve ser combatido, pois ele estaria oprimindo a classe masculina.
Este exemplo, em pleno mês das mulheres, ilustra bem porque alguns narizes se torcem para o empoderamento feminino: vivemos em um país historicamente machista e patriarcal e que ainda mantém o machismo enraizado, movimento que floresceu com o recente avanço de uma direita conservadora.
Ainda não acredita que o machismo é forte no Brasil? Então, veja:
"Você tem 24 horas pra retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso, processo ou bala. Você escolhe", escreveu.
Chocante? Sim. E fica ainda pior se pensarmos que o autor da mensagem tem 333 mil seguidores na sua “machosfera”.
Dona de suas escolhas, inpendente de quais sejam elas!
"A gente luta é por uma sociedade com equidade para que a mulher possa ser o que quiser, inclusive dona de casa e dedicada exclusivamente aos filhos", reflete a jornalista do Campus São João del-Rei, Juliana Rodrigues de Almeida.
De forma resumida, podemos dizer então que ser mulher empoderada significa ser dona de suas escolhas. Mas, nesse ponto cabe uma importante reflexão: A executiva de uma grande empresa pode não ser empoderada. Por outro lado, a dona de casa pode sim ter o poder sobre sua vida. Então, é preciso deixar claro que o que dá poder à mulher, é ela ser livre para fazer as suas escolhas, e não as escolhas que ela faz. Não cabe à sociedade portanto, nem mesmo às outras mulheres, julgar a escolha de cada uma. O que cabe sim à sociedade é garantir as condições socioeconômicas necessárias para que a mulher seja livre para fazer as suas escolhas.
“A gente precisa desconstruir essa ideia de que a mulher independente é aquela que trabalha para além dos afazeres domésticos. Nos anos 1950, a luta por estar no mercado de trabalho, fique claro, era uma luta do feminismo branco privilegiado. Porque as mulheres pretas nunca tiveram escolha, sempre trabalharam, sempre estiveram em serviços domésticos, inclusive sendo contratadas por essas mulheres brancas que foram para o mercado de trabalho. Estamos já na quarta onda do feminismo, marcado pelo ciberativismo feminista, ou seja, um ativismo feminista por meio da web. E o que se percebe nestas influenciadoras digitais é a busca pela empatia, sororidade, das mulheres recuperarem a confiança umas nas outras e, principalmente, não julgar as escolhas da coleguinha....rsrsrs”, reflete a jornalista do Campus São João del-Rei, Juliana Rodrigues de Almeida.
De acordo com Wanderléia, a rede de apoio para qualquer movimento de minorias sociais deve ser entendida como suporte no qual “a união faz a força”. Por isso, as mulheres devem se reconhecer como companheiras de luta na trajetória rumo às melhorias. Qualquer ação que possa minar o espírito social pode causar desintegração, falta de pertença e desânimo no movimento. Sendo assim, a ideia não é segregar, desunir, julgar, mas sim, trazer para perto, para junto de, e só assim poderemos conquistar o “nosso” mundo melhor, constata a professora.
“A gente luta é por uma sociedade com equidade para que a mulher possa ser o que quiser, inclusive dona de casa e dedicada exclusivamente aos filhos. Tem sido crescente o movimento de mulheres executivas que pararam tudo quando entenderam a importância de se conectarem com seus filhos e estarem mais presentes para eles. Como mãe posso dizer que criar um ser humano decente, com afeto e respeito é uma tarefa excruciante e muito mais desgastante do que quando produzi um show do Milton Nascimento para 50 mil pessoas. Sou dona da minha própria vida, mas escolhi nessa vida passar pela maternidade e estou exatamente num momento de recuo deste lugar profissional para estar mais com o Bento e tudo bem. Fazer dele um homem decente, sensível, antimachista e feliz hoje é o mais importante pra mim”, afirma Juliana ao dividir conosco a sua escolha.
Kátia Cirlene Ataíde, recepcionista do prédio da Reitoria do IF Sudeste MG, corrobora a fala de Juliana e enfatiza a importância de poder fazer suas próprias escolhas e de viver da forma que se quiser viver:
“Sou dona da minha vida porque sou dona das minhas escolhas. Acho importante que a mulher seja dona de si por que assim, pode escolher como viver. Mesmo que algumas escolhas em alguns momentos nos tornem mais vulneráveis, somos fortes, corajosas e podemos trilhar nossos próprios caminhos, conscientes das vantagens e desvantagens que temos pelo fato de sermos mulheres. No tempo da minha avó não havia direito de escolha para as mulheres, tudo era imposto a elas. O mais importante para mim hoje é lutar pelo fim da violência contra a mulher”.
Prioridade 1: Fim da violência contra as mulheres
Uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos
Três mulheres são vítima de feminicídio a cada um dia
Uma travesti ou mulher trans é assassinada no país a cada 2 dias
26 mulheres sofrem agressão física por hora
fonte: https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/
E, infelizmente, esta não é uma realidade distante: um estudo feito pelo pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Wagner Batella, a partir de dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que Juiz de Fora foi a segunda cidade do estado de Minas Gerais com maior taxa de feminicídio nos primeiros semestres de 2018, 2019 e 2020.
Conforme matéria publicada no dia 6 de março de 2023 no site do Jornal Tribuna de Minas, a pesquisa foi desenvolvida no livro “Crime e Território: Estudos e Experiências em Políticas de Segurança Pública”, que discutiu como a violência doméstica e a quarentena se relacionaram. Nesse processo, foram mensurados os índices de violência doméstica entre diferentes bairros, regiões, raças e níveis de escolaridade, por exemplo. As principais denúncias foram relativas a ameaças e lesões corporais. Já o estupro de vulnerável teve variação ascendente, com aumento de 450% no período de 2020 em relação ao ano anterior – foram nove registros em 2020, e dois em 2019 e 2018. Na maioria dos casos, os agressores são os maridos, namorados ou ex-companheiros.
Os dados acima confirmam o apontamento feito pela Kátia: o mais importante é acabar com a violência contra as mulheres.
Empoderamento pelo fim da violência contra as mulheres
Alessandra Furtado Fernandes, professora do Campus São João del-Rei, acredita que ao ampliar espaços de reflexão sobre a violência letal contra as mulheres, permitimos a discussão acerca das dimensões socioculturais e sexistas e capacitamos as jovens a se empoderarem e a fazerem parte de uma mudança de paradigma e do desenvolvimento de uma plena cidadania e pertencimento das mulheres: “A violência doméstica e familiar atinge mulheres de todas as idades, de diversas classes sociais, raças, credos, níveis educacionais, profissões. Atinge mulheres urbanas e rurais e tem impacto negativo nas crianças e adolescentes, que estão nesse ambiente abusivo. É preciso pensar em ações efetivas que façam a diferença da vida das mulheres e ofereçam novas oportunidades que despertem nelas a possibilidade de retomar as rédeas de sua vida”, afirma a professora, que desenvolveu, nos anos de 2021 e 2022, o projeto “Jovens Mulheres Negras: Despertar na Pandemia contra o Feminicídio”. Através de palestras sobre temas relacionados ao feminismo e ao empoderamento da mulher negra, o projeto trabalhava com a questão do feminicídio de mulheres negras. A iniciativa teve a participação de mulheres de toda a comunidade do IF Sudeste MG e da comunidade externa também.
A jornalista Juliana Rodrigues de Almeida atuou no Projeto citado acima e classifica a iniciativa como “uma experiência muito potente, mas também muito desafiadora”. Sem desconsiderar os avanços que a luta feminista já conquistou, Juliana também traz a violência contra as mulheres para o cerne das discussões acerca das questões de gênero no cenário atual brasileiro:
“O Brasil bateu recorde de feminicídios no primeiro semestre de 2022. De acordo com dados publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 699 casos foram registrados entre janeiro e junho, o que representa uma média de quatro mulheres mortas por dia. Então, honestamente, há muito o que se avançar e isso passa por questões estruturais como maior acesso à educação, a busca da equidade e não da igualdade, no sentido de se respeitar as diferenças, entre elas, podemos falar da questão da pobreza menstrual que restringe o acesso de diversas meninas às salas de aula. Precisamos de políticas públicas e de leis que garantam a paridade salarial para homens e mulheres na mesma função e de ampliar as oportunidades para as mulheres que são mães, em especial, as mães solo, para que se rompa esse ciclo em que muitas profissionais são demitidas após suas licenças maternidades”, reflete a jornalista.
Conforme Wanderléia, o empoderamento feminino deveria estar atrelado à autonomia feminina, entretanto, a luta pelos direitos e conquistas das mulheres é um movimento mais complexo em uma sociedade que ainda exalta o masculino e na qual muitas mulheres são vítimas de violências e de desigualdades de toda ordem. Exemplo disso é a diferença salarial entre gêneros citada por Juliana.
As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil e a diferença salarial entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. É o que mostra levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, divulgada em matéria do Portal G1, de março de 2022.
Portanto, segundo Wanderleia, a autonomia psicológica deve estar em primeiro lugar, pois é a partir dela que a mulher reconhece a sua força e parte para a luta. A autonomia da mulher possibilita a melhoria da sua autoestima, autoconfiança e reposicionamento social e, assim, ela se torna mais forte para livrar-se de mazelas como a violência doméstica e lutar pela conquista da equidade.
Iniciativas
Através de suas ações em prol das mulheres, o IF Sudeste MG procura desenvolver no seu corpo administrativo, bem como nos discentes, a conscientização e uma visão que propiciem a busca e defesa por condições equânimes para as mulheres numa sociedade ainda tão discriminatória”, explica Aurora Maria Baptista da Silva, diretora de Apoio ao Discente.
Parece mesmo que o caminho para chegarmos a uma sociedade mais igualitária, em que as mulheres vivam com equidade, passa necessariamente pela educação e por iniciativas de conscientização e empoderamento. Para a professora Alessandra, projetos como o citado por ela e por Juliana, que tenham a mulher como sujeito, reforçam a mensagem de apoio às mulheres em situação de violência, vulneráveis e sujeitas ao controle do agressor, despertando nelas um resgate da autoestima, qualificação profissional, inclusão no mercado de trabalho e geração de renda. Isso pode contribuir para a autonomia econômica e social da mulher, o que é uma das principais portas de saída do ciclo da violência, além de desenvolver competências sócioemocionais e empreendedoras, por meio do empoderamento feminino de mulheres que queiram iniciar ou aperfeiçoar o seu negócio.
O caminho para formar cada vez mais mulheres empoderadas é “a partir das ações educativas nas quais a mulher é encarada como protagonista da sua vida. Nos projetos, aulas e palestras que acreditam no potencial da mulher, que favorecem trocas de experiências, possibilitam a elaboração de conflitos psíquicos e que as instrumentalizam para o empoderamento a partir de informação, de exemplos de outras mulheres, e de profissionalização que tem como base o exercício da cidadania e não meramente a formação de mão-de-obra especializada. O ambiente educativo por si só traz a ideia de parceria, união e construção coletiva e, por isso, deve ser capaz de oferecer ações de ruptura com um mundo machista baseado na crença de que a mulher não tem vez e nem voz”, pondera Wanderléia.
“Ensinar sobre formas de relacionar-se de modo diferente do que é estabelecido, é contribuir para uma maior compreensão da diferença, ‘prevenindo’ assim ‘pré-conceitos’ muitas vezes tão arraigados ao senso comum. E esse é o papel da educação: com viés científico e laico, disseminar a importância de compreender as diferentes formas de relação. É ensinar o respeito”, afirma Lívia Lanne Fávero, assistente social da Coordenação de Apoio ao Servidor.
Para a assistente social da Coordenação de Apoio ao Servidor Lívia Lanne Fávero, é importante discutir questões de gênero no ambiente de trabalho, em especial num ambiente educacional como o IF Sudeste MG, porque “ensinar sobre formas de relacionar-se de modo diferente do que é estabelecido, é contribuir para uma maior compreensão da diferença, ‘prevenindo’ assim ‘pré-conceitos’ muitas vezes tão arraigados ao senso comum. E esse é o papel da educação: com viés científico e laico, disseminar a importância de compreender as diferentes formas de relação. É ensinar o respeito”, afirma Lívia.
A assistente social atua no projeto de extensão "Os impactos psicossociais e econômicos da pandemia por COVID-19 no cotidiano das mulheres trabalhadoras: uma análise dos desafios do retorno ao trabalho presencial", que tem o objetivo de dialogar, acolher e prestar apoio psicossocial diante de desafios ligados ao trabalho presencial. As rodas de conversa são conduzidas por assistentes sociais da Coordenação de Assistência ao Servidor (CAS) e buscam favorecer o enfrentamento de desafios advindos da nova fase pós-isolamento.
Aurora Maria Baptista da Silva, diretora de Apoio ao Discente, acredita que a discriminação baseada no gênero ainda é uma constante em nossa sociedade: “A opressão, nas suas mais diversas formas, sofrida pelas mulheres, chama a atenção e traz consigo a necessidade urgente de iniciativas que busquem a valorização, o empoderamento, a conscientização de direitos e a proteção deste grupo. Neste sentido, o IF Sudeste MG enquanto instituição educadora e que acredita na força da mulher e na igualdade de gênero defende e promove iniciativas que contribuem para a conquista de um espaço cada vez maior das mulheres para o desenvolvimento da sociedade. Um exemplo disso é que, na gestão atual, é expressivo o número de mulheres que ocupam cargos de direção, o que demonstra que o IF Sudeste MG acredita na força e na capacidade das mulheres em total igualdade de condições. Através de suas ações em prol das mulheres, o IF Sudeste MG procura desenvolver no seu corpo administrativo, bem como nos discentes, a conscientização e uma visão que propiciem a busca e defesa por condições equânimes para as mulheres numa sociedade ainda tão discriminatória”, avalia Aurora.
IF Sudeste MG em prol da igualdade de gêneros
Como apontado pela diretora de Apoio ao Discente do IF Sudeste MG, o instituto defende e promove iniciativas que contribuem para a conquista de um espaço cada vez maior das mulheres para o desenvolvimento da sociedade. Abaixo citamos algumas dessas iniciativas, além daquelas já citadas ao longo do texto:
Programa Mulheres Mil: O Programa tem enfoque no acolhimento às mulheres denominadas como vulneráveis. O Campus Barbacena iniciou este Projeto de Extensão e o desenvolveu por vários anos. Atualmente a proposta da gestão é retomar o projeto bem como incentivar e apoiar os demais campi do IF Sudeste MG a desenvolvê-lo.
Plano de Ação para a Promoção da Dignidade Menstrual: O IF Sudeste MG aprovou e está executando o “Plano de Ação para a Promoção da Dignidade Menstrual”. Uma ação afirmativa, conjunta com a Assistência Estudantil, que tem por objetivo o fornecimento de pacotes de absorventes em caráter emergencial, às mulheres que estejam nas dependências dos campi, e, mensalmente, às estudantes que atendam ao critério socioeconômico (até 1,5 S.M.) O Plano tem como proposta garantir condições de permanência, por meio da oportunidade de acesso a tal item, o que está relacionado diretamente à criação de condições de equidade no espaço escolar. Além da questão socioeconômica e do acesso, enquanto uma questão social, entrelaçam-se com demais refrações do cotidiano social, seja dentro ou fora da escola, como a garantia da saúde de quem menstrua. Colocando-se assim, a dignidade menstrual no rol de direitos sexuais e reprodutivos, sendo também uma maneira de assegurar o direito à autonomia corporal e à autodeterminação das beneficiadas. Vale lembrar que, como citado pela jornalista Juliana Rodrigues, a pobreza mesntrual é um dos motivos que afastam estudantes das salas de aula.
Aprovação do Regulamento dos Núcleos de Gênero, Diversidade e Sexualidade (NEGEDS): Considerando a importância de atuar no desenvolvimento das ações afirmativas, foi aprovado, no ano de 2022, o regulamento dos Núcleos de Estudos de Gênero, Diversidade e Sexualidade - NEGEDS - do IF Sudeste MG, a serem implantados nos campi do IF Sudeste MG. O NEGEDS deverá ser um setor propositivo e consultivo voltado para a coordenação, planejamento, assessoramento e monitoramento de ações de ensino, pesquisa e extensão com foco na temática das relações de gênero, diversidade e sexualidade. Atuam como multiplicadores de educação para a convivência e respeito à diversidade, contribuindo para a equidade e promoção da educação das relações de gênero, diversidade e sexualidade. Considera-se como público do NEGEDS mulheres e pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais, e demais grupos historicamente oprimidos em virtude da sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.
Publicação de editais com foco nas ações afirmativas em que uma das temáticas apresentadas para os projetos são as mulheres: A instituição por dois anos consecutivos (2022 e 2023) realizou a publicação de “Editais de Ensino com Foco nas Ações Afirmativas” . A finalidade dos editais é selecionar Projetos de Ensino com temáticas voltadas para às ações afirmativas. As ações são desenvolvidas por servidores(as) e estudantes bolsistas matriculados(as) nos cursos técnicos e de graduação dos campi IF Sudeste MG, visando tanto à melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem, quanto à sua eficiência, no que tange à promoção da equidade, baseada nos direitos humanos e ao respeito à diversidade. Em sua primeira publicação, para vigência em 2021/2022, foram desenvolvidos três projetos com a temática de gênero, envolvendo alunos, servidores e convidados externos para estudos e discussões sobre a temática das mulheres: - Campus Acolhedor - Jovens Mulheres Negras Despertar na Pandemia contra o feminicídio - Grupo de estudos em Gênero e Diversidade.
Sonhos, perspectivas e expectativas
“Creio que as crianças e jovens de hoje possam ter uma realidade diferente no futuro, pois uma vez conscientes de seus direitos, essas mulheres poderão exercê-los e terão a percepção sobre as violências e violações de direitos que porventura possam vitimizá-las”, Alessandra Furtado Fernandes.
"Apesar de todas as questões, não devemos negar que houve avanços consideráveis, em especial no que tange ao acesso ao mercado de trabalho, ao estudo e a liberdade sexual e de pensamento. O que desejo pras meninas de hoje é que a gente evolua enquanto sociedade, questione o machismo estrutural constantemente, não recuemos nos direitos e que elas sejam livres, livres para serem, dizerem e amarem quem quiserem. Sem medo. Sonho que minha sobrinha de 03 anos possa sair para uma balada daqui há 15 anos sem temer que sua bebida seja adulterada, que ela sofra um assédio sexual no táxi ou tenha que se preocupar com o tamanho de sua saia. Desejo que ela viva em um mundo em que o patriarcado esteja em xeque. Para isso, estamos na luta”, Juliana Rodrigiues de Almeida.
"Acho que mudou o apoio que temos, mesmo tímido esse apoio nos torna mais visíveis. Vivemos tempos de direitos específicos para mulheres, projetos sociais de estímulo e oportunidades. Estamos caminhando, ainda que a passos lentos. Temos direitos e redes de apoio para fazermos valer os nossos direitos, mesmo que às vezes, na prática, não funcione como gostaríamos. Espero que o futuro da minha filha e da minha neta seja para elas, como mulheres, de menos preconceitos e menos desigualdade de gênero. E que seja de luta...a luta feminina é de muito tempo e ainda vai muito longe. E o mais importante é lutar pelo fim da violência contra a mulher. Espero que seja um futuro de luta viva e forte e de soluções efetivas”, Kátia Cirlene Ataíde.
"Ao contrário da minha avó e até da minha mãe, eu tenho incentivo para estudar e para buscar avanços profissionais, além do lar. Felizmente hoje as meninas ganham brinquedos didáticos, que estimulam o desenvolvimento. Daqui a 20 anos eu me vejo trabalhando muito e podendo levar ajuda e informação para outras mulheres. Eu fui bolsista do Projeto Mulheres Mil, que trabalha a Economia Solidária. A experiência foi enriquecedora. Para mim, é importante incentivar todos os sonhos e relembrar que nós, mulheres, podemos exercer o trabalho que quisermos, qualquer que seja ele", sonha Laís Fernanda Resende, que é aluna do Curso de Agronomia do Campus Barbacena e atuou como bolsista do Projeto Mulheres Mil.
Fontes
Site G1
Site Tribuna de Minas
Site IBGE
Agência Patrícia Galvão