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O encontro entre projetos acadêmicos e realidades locais: conheça experiências compartilhadas no VII Enneabi e no VII Eras

Diversidade regional dos eventos permitiu aos participantes o contato com diferentes histórias por meio de projetos desenvolvidos na Rede Federal

A presença de delegações de todas as regiões do país garantiu ao VII Enneabi (Encontro Nacional de Neabs, Neabis e grupos correlatos da Rede Federal) e ao VII Eras (Encontro de Relações Raciais e Sociedade) uma diversidade que enriqueceu as experiências de quem acompanhou as atividades. Um dos aspectos mais fascinantes nos eventos, realizados no Campus São João del-Rei do IF Sudeste MG, foi a conexão entre as realidades locais e os projetos acadêmicos desenvolvidos no contexto da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

“Fazemos questão de levar nossos alunos aos eventos. Eles apresentam trabalhos. Tenho alunos hoje doutores, mestres, que estão em outros países. Nossos cursos, além de formar tecnicamente, também se dedicam à formação humana. A Rede Federal muda vidas”, aponta Fábia Holanda de Brito, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Campus São José de Ribamar do IFMA. 

Do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), veio a maior delegação participante dos eventos: cerca de 120 pessoas, de vários campi da instituição. Uma delas foi a professora de História Fábia Holanda de Brito, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Campus São José de Ribamar. Em uma das sessões temáticas do evento, ela apresentou o trabalho “Aquilombados - Eh! Boi rapaziada: festa de São Marçal, território do Bumba-Meu-Boi”.

A festa de São Marçal é uma manifestação muito tradicional da cultura popular maranhense, que nasce como um ato de resistência e reúne grupos brincantes de bumba-meu-boi. “Os sujeitos citadinos, trabalhadoras e trabalhadores em geral, muitas vezes estão invisíveis nas áreas chamadas 'nobres'. Nas festas, nas brincadeiras populares, eles se tornam visíveis. Isso precisa ser observado pela academia. É importante saber quem são as pessoas, registrar suas narrativas”, comenta a coordenadora local do Neabi.

 

 

“Porque ele não é só o sujeito da cidade ou o sujeito brincante. Ele é um todo. Quais políticas públicas estão sendo feitas para atender a essas pessoas? Aos poucos, o universo acadêmico está prestando mais atenção a tudo isso. É a partir da luta dessas pessoas que acontecem as conquistas”, acrescenta a pesquisadora, que valoriza a oportunidade de encontros nacionais como o Enneabi.

“Fazemos questão de levar nossos alunos aos eventos. Eles apresentam trabalhos. Tenho alunos hoje doutores, mestres, que estão em outros países. Nossos cursos, além de formar tecnicamente, também se dedicam à formação humana. A Rede Federal muda vidas”, completa. 

A aluna e pesquisadora Yhanna Beatriz Nunes, do 2º ano do curso técnico em Agenciamento de Viagem integrado ao Ensino Médio do Campus Barreirinhas, fez parte da delegação do IFMA, que viajou durante três dias de ônibus até São João del-Rei. Para ela, uma jornada que vale a pena, uma oportunidade de trocar experiências e compartilhar os resultados de um projeto desenvolvido junto à comunidade quilombola Santo Antônio, em Barreirinhas.

 

“É extremamente gratificante. Todas as vezes que vou à comunidade, volto com novas experiências. Há muitas comunidades quilombolas em Barreirinhas. Estamos também trabalhando para ajudar no fortalecimento dessas raízes e desses laços. Eu me encantei com esse trabalho e pretendo continuar”, conta a estudante, que iniciou o contato com o quilombo Santo Antônio a partir de um trabalho proposto pelo Neabi do Campus Barreirinhas no contexto do Dia da Consciência Negra.

 

Tribos Yanomami, o olhar de Claudia Andujar e o Instagram

De origem suíça, a fotógrafa Claudia Andujar se naturalizou brasileira e se transformou, na segunda metade do século passado, em uma grande aliada da defesa dos direitos das tribos Yanomami, uma luta muito presente e necessária até os dias atuais. Os povos originários sempre estiveram presentes nas fotografias de Claudia, que naquela época eram divulgadas a partir de exposições e revistas.

“E se os povos da floresta tivessem Instagram?”. A pergunta formulada pelo professor Paulo Nascimento e os estudantes do curso técnico em Informática integrado Anne Asan, Nataly Bilhar e Miguel Fragoso, do Campus Iranduba do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), também deu título ao projeto apresentado por eles no primeiro dia do VII Enneabi. A ideia foi levar a banners impressos uma exposição de fotos de Andujar no layout de postagens na rede social.

Responsável pela parte visual do projeto, Anne explica que “foram selecionadas as fotos mais marcantes de Claudia que estão no arquivo do Instituto Moreira Salles”. Para Miguel,  a ação também é uma forma de chamar atenção para o ativismo de Andujar, e não apenas para as fotografias propriamente ditas. “A grande maioria das fotos que utilizamos de Claudia Andujar é de tribos Yanomami. Ela retratou muito os povos indígenas, especialmente no estado do Amazonas. Ela também lutou muito pela defesa dos direitos do povo Yanomami”, contextualiza o estudante.

No segundo dia do Enneabi, professor e estudantes apresentaram, para este mesmo trabalho, imagens registradas na Amazônia no século XIX pelo fotógrafo alemão Albert Frisch.