Geral
Oficinas oferecem capacitação e reflexões a participantes do VII Enneabi e do VII Eras
Quem participa de eventos como o VII Enneabi (Encontro Nacional de Neabs, Neabis e grupos correlatos da Rede Federal) e o VII Eras (Encontro de Relações Raciais e Sociedade), nunca é a mesma pessoa quando volta para casa. Esse processo acontece não apenas pelo intercâmbio entre representantes de todas as regiões do país, mas também pela chance de se capacitar e de compreender melhor determinadas dinâmicas. As oficinas e os minicursos realizados nas manhãs de quinta e sexta-feira, 14 e 15 de setembro, no Campus São João del-Rei do IF Sudeste MG cumpriram este papel com excelência.
Uma das salas mais cheias do evento foi a reservada à “Oficina de promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo: as cotas raciais e as bancas de heteroidentificação no serviço público e na educação”. As bancas de heteroidentificação são um instrumento complementar à autodeclaração que, no âmbito das instituições públicas, ajudam a garantir que o acesso às vagas correspondentes às políticas de cotas raciais aconteça conforme previsto pela legislação.
Ministrante da oficina, o pró-reitor adjunto de graduação da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Adilson Pereira dos Santos, reforçou a importância das bancas e de sua capacitação. “A participação das pessoas (na oficina) é de fundamental importância. Com o advento das comissões de heteroidentificação, esses grupos acabaram se tornando os guardiães da execução adequada da Lei de Cotas, que tem como objetivo aumentar a presença de pessoas pretas, pardas e indígenas tanto nos Institutos Federais quanto em universidades”, contextualiza.
Identidade racial
Identidade racial foi o tema central da oficina “Enegre(ser) as relações: o Eu, o Outro e o Nós”, ministrada pela aluna Hellen Mariano Roberto, do curso técnico em Multimídia do Campus Avançado Cataguases do IF Sudeste MG. Também professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental em Cataguases, Hellen promoveu uma dinâmica que levou os participantes da oficina a reflexões sobre identidades.
"A proposta foi trazer recortes de como o processo de tornar-se negro é gradativo, algo construído desde a infância até a vida adulta. Nós pedimos para os participantes fazerem um autorretrato, para trabalhar essa questão da identidade racial e perceber como as pessoas se portam em relação a essa autoaceitação”, detalha. Também proponho esse trabalho de identidade racial com crianças em uma escola estadual em Cataguases. Numa sociedade racista e miscigenada, é importante que a gente compreenda esses processos, até para se reerguer e não aceitar manifestações veladas de racismo. É fundamental o reconhecimento como parte da negritude, um grupo que, embora grande, é considerado minoria (no contexto da nossa sociedade). É um grupo em constante ascensão em relação à militância e ao seu empoderamento”, enfatiza.
“Por me identificar como uma pessoa branca, nunca vou sentir o que é ser vítima de um episódio de racismo. Estando no Neabi, entendo que consigo contribuir mais quando escuto relatos e participo de eventos, para tentar ajudar a fazer a diferença com ações que sejam importantes para a nossa unidade”, comenta a servidora Vívian Cavalcanti .
A servidora Vívian Cavalcanti, uma das integrantes da oficina, relata que o encontro foi mais uma experiência valiosa para enriquecer o trabalho realizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Campus Santos Dumont do IF Sudeste MG, órgão do qual é secretária.
“Por me identificar como uma pessoa branca, nunca vou sentir o que é ser vítima de um episódio de racismo. Estando no Neabi, entendo que consigo contribuir mais quando escuto relatos e participo de eventos, para tentar ajudar a fazer a diferença com ações que sejam importantes para a nossa unidade”, comenta a técnica em Edificações.