Pesquisa
Professor do Campus publica artigo sobre relação de exercício físico e Covid-19
Será que ter um “histórico de atleta” é suficiente para evitar a infecção pela Covid-19? A prática de exercícios físicos reduz ou aumenta o risco de contaminação pelo coronavírus? Dúvidas como estas foram levantadas pelo doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Brasília e professor de Educação Física do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, João Batista Ferreira Júnior. Para buscar respostas, ele se juntou ao doutorando do Laboratório Neuromuscular da Universidade de Oklahoma (EUA), Eduardo Freitas, e à ex-aluna do Campus e atual mestranda do Departamento de Esportes da Universidade Federal de Minas Gerais, Suene Chaves. O levantamento de literatura realizado por eles originou o artigo “Exercise: a protective measure or an ‘open window’ for Covid-19? A mini review” (Exercício: uma medida de proteção ou uma “janela de oportunidade” para a Covid-19? Uma mini revisão”. O texto foi publicado no periódico internacional Frontiers in Sports and Active Living.
Imagem: Freepik
Os pesquisadores fizeram um levantamento dos estudos já realizados no mundo acerca da correlação entre exercícios físicos e a Covid-19. João Batista explica que, por meio da comparação dos dados obtidos, ainda não há evidências científicas se o status do treinamento afeta a incidência de infecção no trato respiratório. “Não se pode concluir que indivíduos treinados estejam mais protegidos contra a infecção por Covid-19 quando comparados a indivíduos não treinados”.
A equipe trabalhou com a teoria da “janela de oportunidade” para avaliar se a realização de exercício físico poderia facilitar a infecção pelo coronavírus. “A ‘janela de oportunidade’ é um jargão usado para se referir que existe maior probabilidade de ocorrer algo, positivo ou negativo, em um momento específico. E há essa teoria para a incidência de infecções logo após a realização do exercício. O estresse induzido por ele causaria a imunossupressão, aumentando o risco de infecções do trato respiratório causadas por vírus”, explica João.
No entanto, os estudos realizados até hoje apontam que esta correlação ainda é especulativa no caso do coronavírus. Mesmo sem a comprovação, os especialistas orientam para que a população realize sessões de treinos curtas (menos de 1h30min) em intensidade moderada ou baixa. “Penso que o que vem sendo realizado em casa se enquadra no perfil mencionado. Para que a pessoa tenha uma noção da intensidade do treino que realiza, basta responder a seguinte questão após o exercício: Quão intenso foi o treino? Se ela responder até quatro na escala, o treino ficou dentro da margem apropriada”, esclarece o professor.
Tabela subjetiva de esforço
Classificação | Descritor |
---|---|
0 | Repouso |
1 | Muito fácil |
2 | Fácil |
3 | Moderado |
4 | Um pouco difícil |
5 | Difícil |
6 | - |
7 | Muito difícil |
8 | - |
9 | - |
10 | Máximo |
A pesquisa ainda tratou da importância da realização dos exercícios físicos durante a pandemia não apenas em relação ao trato respiratório, mas também da preservação muscular. “Considerando que a maioria das pessoas, atualmente, não tem acesso a academias ou instalações de treinamento para fornecer o estímulo fisiológico necessário para manter os parâmetros do músculo esquelético e o status do treinamento, os métodos de treino de força sem carga podem servir como estratégias eficazes para evitar o destreinamento e preservar os níveis de massa muscular e força enquanto durar o atual bloqueio social”, reforça.