Geral
Campus Rio Pomba com inscrições abertas para mais de 60 bolsas em projetos de Extensão
Aberto credenciamento para docentes da Rede Federal atuarem no ProfEPT
Nittec deposita patente de utilização de fécula de araruta como espessante de iogurte
Aberta seleção de bolsistas para o projeto Escola da Bola na modalidade basquetebol
Educação Física seleciona bolsistas para projeto de Extensão em Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho
Inscrições abertas para estudantes do campus participarem do Festival de Atletismo
Semana da Zootecnia 2023 traz palestrantes renomados na área de atuação e em Agricultura
IF Sudeste MG abre chamada de apresentações culturais para o VII ENNEABI e VII ERAS
Diretoria de Extensão participa de organização da Operação Guaicurus no MS
“A Extensão e a Pesquisa entram na categoria aula”: simpósio sobre curricularização traz experiências do IFC ao IF Sudeste MG
No seu campus ou curso, a Pesquisa e a Extensão aparecem como atividades complementares? Elas demandam algum “extra” do estudante e, por isso, nem sempre são acessíveis a todos? Se a resposta foi sim, este(s) curso(s) deve(m) passar por uma curricularização: processo de integração que se baseia na indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão, levando em conta que a construção do conhecimento não deve ser segmentada; deve ser trabalhada de forma coletiva e colaborativa por sujeitos ativos (assim como preconizava o educador Paulo Freire).
Sinalizada desde muito cedo na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), na Lei de Criação dos Institutos Federais e até na própria Constituição Federal, pode-se dizer que o assunto não é exatamente uma novidade. No IF Sudeste MG, diversas ações já puseram a curricularização em evidência, mas ela está longe de ser um processo rápido ou fácil. Assim, dada a sua importância, promete ser um tema a permear o cotidiano dos servidores da instituição, sem data para sair.
No dia 4 de maio de 2023, a instituição avançou rumo à concretização desta integração: foi realizado, no auditório do bloco administrativo do Campus Juiz de Fora, o simpósio “Curricularização da Pesquisa e da Extensão: motivação e caminhos a seguir” – evento voltado a todos os campi, com objetivo de capacitar e aproximar servidores da prática da curricularização. Tal capacitação viabilizaria um conseguinte “repensar” de projetos pedagógicos de curso (PPCs) e uma reformulação destes, de maneira que a Extensão e a Pesquisa “entrem na categoria aula”, como definiu o pró-reitor de Extensão do Instituto Federal Catarinense Fernando Taques.
Convidados a abrilhantar o simpósio devido a sua vivência em processos de curricularização, Taques e as pró-reitoras de Ensino e Pesquisa da mesma instituição, Josefa Surek e Fátima Zago, representaram a longa trajetória do Instituto Federal Catarinense (IFC) na cultura da indissociabilidade. Durante seus discursos aos servidores do IF Sudeste MG, os três já demonstravam uma efetiva integração entre si e os três pilares, compartilhando experiências sob diferentes perspectivas, expondo conceitos, estratégias e dicas que se complementavam. Apresentaram exemplos práticos de cursos nos quais a curricularização se materializou naquela instituição e levantaram questões-chave do processo, algumas das quais estão mencionadas na sequência desta matéria.
A abertura do evento foi feita pela pró-reitora de Extensão do IF Sudeste MG, Rosana Machado, que também compôs a mesa de honra junto ao reitor André Diniz, a diretora-geral do Campus Juiz de Fora, Cláudia Coura, e pró-reitores de Ensino e Pesquisa, Wilker Almeida e Maurício Louzada. Em sua fala, o reitor destacou a ideia da indissociabilidade no processo de ensino-aprendizagem e a importância da instituição manter-se firme em seu propósito maior. “Eu sempre tive muito claro o que queríamos para o IF em termos de áreas finalísticas. E venho repetindo isso ao longo do tempo porque é preciso ir reforçando: o projeto [referindo-se à missão dos institutos federais] permanece e estamos trabalhando em cima dele. A cada passo que a gente dá, é uma vitória. Hoje é um desses dias.”
A trajetória do IFC
Segundo o conceito adotado no IFC, curricularizar a extensão e a pesquisa é executar ações interdisciplinares, de caráter educativo, cultural, científico, político e inovador, como carga horária curricular obrigatória para a integralização do curso. Tudo isso sob a perspectiva da construção de conhecimento e/ou da transformação social na comunidade onde estão inseridos os campi da instituição em questão. Mas como o IFC fez isso?
Segundo seus gestores, o IF Catarinense aprendeu muito a partir de diálogos coletivos, abertura que consideram essencial. Entre as diversas etapas até a elaboração de uma resolução que normatizasse a curricularização no IFC, houve consultas públicas, discussões e outras ações, incluindo o estudo dos PPCs de cursos técnicos e de graduação. Dessa maneira, coordenadores puderam visualizar oportunidades dentro de seus próprios casos, considerando que, na maioria deles, já existe na grade algum “gancho” para a curricularização. Segundo Josefa, e é este o exercício que precisa ser feito: “enxergar em nossos cursos os espaços que já existem para a Pesquisa e a Extensão e expandi-los.” Ela detalha que, muitas vezes, isso é feito a partir de experiências “vizinhas” e relembra: “olha, neste curso fizeram assim, será que também não seria interessante pra vocês?”
Fátima conta que a primeira experiência de inserção da Pesquisa e da Extensão no currículo o Ensino Médio (à época não havia a modalidade integrada) foi permeada por discussões e divergências. “Isso não é Pesquisa”, disse a pró-reitora da área, referindo-se ao que ouviu durante uma conversa. Depois de muitas reuniões e estudos, conseguiram inserir a iniciação científica nos anos iniciais do currículo e atividades extensionistas, ao final. No caso destas, havia uma preocupação em trabalhá-las especialmente nos cursos de natureza agrícola, portanto, a instituição começou muito cedo a integrar a Pesquisa e a Extensão ao Ensino cedo, sem nem saber como este processo viria a ser denominado. ”Nossa vivência fez com que encontrássemos estratégias e caminhos para curricularizar”, resumiu.
Estratégias
A Resolução nº 13/ 2022, do Conselho Superior do IF Catarinense, apresenta estratégias para a curricularização da Pesquisa e da Extensão. O documento sugere ações destas áreas sejam inseridas:
- como disciplina específica;
- como parte da carga horária de disciplina;
- como atividade acadêmica, composta de ações de extensão e pesquisa nas modalidades previstas no art 4º, devidamente cadastradas na instituição.
Ao contrário do que se possa imaginar, a curricularização não implica a eliminação de atividades complementares de Pesquisa e Extensão. Ao contrário: estas continuam tendo seu lugar e não concorrem com a Pesquisa e a Extensão inseridas no processo formativo básico.
Sobre ações extensionistas, Taques reiterou que elas se materializam nas mais diversas formas: eventos, oficinas, projetos ligados a comunicação, cultura, educação, direito, justiça social, meio ambiente, entre tantas outras. “O aluno não precisa sair do curso sendo um ‘super pesquisador’ ou um ‘super extensionista’” alertou, mas precisa ter a oportunidade de contato com estas experiências. Assim, até as ações consideradas mais simples importam. “Não é necessário romantizar”, destacou.
Quanto à Pesquisa, Fátima enfatiza o básico da atividade científica: “que o aluno tenha acesso a essa problematização, à busca por respostas, à criticidade... de preferência sobre temas relacionados à sua realidade”. Ela acredita que isso incentiva os próprios docentes a saírem de eventuais zonas de conforto e aponta a curricularização como responsável por uma integração generalizada, porém, gradual. Para ela, trata-se de uma construção cultural demorada: “Metamorfoses individuais e coletivas para se construir algo que acreditamos”, definiu. Sobre isso, a colega Josefa complementou: “Educação é isso: pensar, repensar e evoluir”.
Imagens: Assessoria de Comunicação - IF Sudeste MG - Campus Juiz de Fora