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Pandemia é tema do primeiro encontro do IF sobre indígenas e desafios contemporâneos
Um debate em 27 de outubro, terça-feira, abrirá o ciclo "Encontros: Diversidade indígena e desafios contemporâneos", promovido pelo Campus Santos Dumont do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG) com o apoio de diversas instituições. Representantes de quatro povos originários aceitaram o convite para o evento de abertura, que apresentará os desafios impostos pela pandemia da Covid-19 a diferentes grupos indígenas. A conversa será viabilizada por uma plataforma de streaming e terá transmissão ao vivo, a partir das 19h, pelo canal da unidade no YouTube: bit.ly/campussdyoutube. O link específico da transmissão poderá ser acessado aqui.
O ciclo de encontros é organizado pelo projeto de pesquisa "(R)Existências", que em 2019 (quando era registrado como projeto de extensão) abriu espaço em Santos Dumont à apresentação das histórias de resistência de diferentes grupos minoritários, a exemplo dos imigrantes, da população LGBTQI+ e dos próprios povos originários. Todos os interessados em assistir ao debate "Povos indígenas e os enfrentamentos na pandemia" podem se inscrever até o dia do evento por formulário disponível nas redes sociais do projeto (@r_existencias no Instagram e @grupodepesquisarexistencias no Facebook) e também diretamente aqui. O cadastro é obrigatório para a emissão de certificado, mas a transmissão será aberta a todos os públicos.
Participam do encontro de 27 de outubro: Indiana Petsirei'o Dumhiwe, do povo Xavante (Terra Indígena Parabubure, em Mato Grosso); Cacique Ararawê, do povo Pataxó (Aldeia Novos Guerreiros, de Porto Seguro, na Bahia); Clarice Gama da Silva Arbella, do povo Tukano (presidente da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro Residentes em Manaus, no Amazonas); e Ismael Ahpract, (liderança do povo Krahô no Tocantins e ator do documentário "Hotxuá"). O debate será mediado pelos professores Emerson Guerra, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e Bia Possato, do IF Sudeste MG.
A relevância do tema
Assim como existem diferentes implicações da pandemia em cada contexto social, a Covid-19 não afetou todos os povos originários do mesmo modo ou na mesma intensidade, como lembra a professora Bia Possato, coordenadora do (R)Existências. "Não há como dizer que os povos indígenas estejam sendo afetados pela pandemia de uma maneira global, pois há uma diversidade muito grande de formas de experiências de vida e de formas de ser indígena", comentou a pós-doutora em Educação.
Por outro lado, ela apresenta alguns exemplos que trazem luz ao entendimento sobre como a pandemia impõe circunstâncias especialmente difíceis para esses povos. "Alguns territórios são invadidos por não indígenas que levam a Covid-19 para essas terras. Outros sofrem com incêndios e desmatamento. Grupos com a economia pautada em atividades externas à aldeia estão sem recursos, e muitos não conseguem se manter isolados, porque precisam se deslocar às cidades para assistência", explicou Bia.
"É por isso que dar visibilidade a essa realidade", acrescentou a professora, "é papel de todos nós, educadores. Precisamos educar os não indígenas para o reconhecimento dos direitos desses povos a terem sua vida plena, resguardando sua cultura, seus modos de vida, sua espiritualidade e as experiências que queiram viver".
Assim, o ciclo de encontros atualiza e enriquece o trabalho do projeto. A ação dedicada aos povos indígenas recebeu no ano passado em Santos Dumont o grupo Sabuká Kariri-Xocó. A atividade aproximou a comunidade local das práticas, do idioma, do modo de vida e da visão de mundo do povo Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio, em Alagoas.
A comissão organizadora dos encontros conta com parceiros indígenas e de universidades brasileiras. Além da professora Bia, fazem parte da equipe: as representantes dos povos Kariri-Xocó, Eliziane Silva, e Pataxó, Mariceia Guedes; o professor Emerson Guerra, da UFRRJ; o estudante de mestrado Francisco Montessi, da Universidade de São Paulo (USP); a professora Ilaine Campos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e a professora Juliana Pereira, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).
A previsão inicial da comissão organizadora é de que os encontros sejam realizados mensalmente.