Destaque
X Sisfer traz ao IF Sudeste MG amplo debate sobre a ferrovia além dos trilhos
Prática, teoria, troca de experiências e produção de conhecimento: a décima edição do Seminário de Integração do Setor Ferroviário (Sisfer), realizada de 20 a 24 de novembro, movimentou a semana de alunos, professores e representantes de empresas e associações do segmento no Campus Santos Dumont do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG). Da Estação Lab ao II Seminário do Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico Ferroviário (NDF/MG), o primeiro Sisfer presencial desde 2019 foi marcante.
O ciclo de minicursos, palestras e mesas-redondas do X Sisfer começou na quarta-feira, 22 de novembro. Foi quando a aluna Carolina Sasso, da Engenharia Ferroviária e Metroviária, ministrou uma oficina sobre a utilização do software Power BI no contexto ferroviário. Na quinta, o egresso do IF Sudeste MG Lucas Evaristo, hoje responsável pelo projeto Brasil Ferroviário, conduziu o segundo minicurso do evento a estudantes do Campus Santos Dumont, sobre Gestão de Indicadores Ferroviários.
Ainda na quarta-feira, uma mesa-redonda com representantes de empresas, estudantes e egressos do IF discutiu inovação, diversidade e sustentabilidade no âmbito ferroviário. Participaram do debate: Felipe Weitzel (técnico de controle de manutenção na ArcelorMittal e ex-aluno de Manutenção de Sistemas Metroferroviários no IF), Bianca Castro (estagiária de estratégia operacional e inovação na MRS e aluna de Engenharia Ferroviária e Metroviária no IF), Gabrielly Apolinário (ex-estagiária da Wabtec Brasil e aluna de Engenharia Ferroviária e Metroviária no IF), Anderson Alves (operador pleno na MRS e ex-aluno de Manutenção de Sistemas Metroferroviários no IF), Bernardo Abreu (especialista em inovação na MRS), Arthur de Azevedo (estrategista de marca empregadora da Rumo) e Sarah Gil (especialista em diversidade, equidade e inovação da Rumo).
Na quinta-feira, o Sisfer recebeu palestras ministradas por profissionais da Rumo (Rodrigo Rampinelli, gerente de inovação e projetos digitais ferroviários, e Arthur de Azevedo, estrategista de marca empregadora) e da MRS (as estagiárias Bianca Castro, Jéssica Soldera e Mariana Costa). Abertura e encerramento do seminário foram conduzidos pelo diretor-geral da unidade do IF Sudeste MG, Benedito Carvalho, e o presidente da comissão organizadora do X Sisfer, professor Carlos Artur Leal.
O tema desta edição, “Ferrovia além dos trilhos”, esteve presente em cada atividade que reforçou a amplitude de um universo que não se restringe à via permanente e aos veículos ferroviários. Conforme destacou Arthur de Azevedo, o profissional completo de hoje tem uma mescla entre habilidades técnicas e sociais, sendo que estas últimas dependem muito de prática, vivência e um desenvolvimento constante.
Todos os mestres de cerimônias da programação noturna do X Sisfer são estudantes de cursos ferroviários do IF: Carlos Eduardo Ferreira Jr., Carolina Sasso (Engenharia) e Brenda Ferreira (Técnico). O evento também contou com apresentações culturais do Coral do IF (projeto Musicando) e de Danças Urbanas.
II Seminário do NDF/MG
O X Sisfer também foi o palco, na sexta-feira (24), do II Seminário do Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico Ferroviário (NDF/MG). Um ano após a primeira edição, sediada pela Universidade Federal de Viçosa, pesquisadores e representantes de empresas voltaram a se reunir para debater a interação entre o setor privado e o conhecimento acadêmico no âmbito da ferrovia. A abertura contou com a presença do reitor do IF Sudeste MG, professor André Diniz, e do presidente da Câmara de Municipal de Santos Dumont, vereador Flávio Faria, em mesa ao lado do coordenador-geral do NDF/MG, o professor da UFV Júlio César Campos, e o diretor-geral do Campus Santos Dumont do IF Sudeste MG, Benedito Carvalho.
Em seguida, uma mesa-redonda plural trouxe ao centro do debate as visões de representantes de diferentes segmentos do universo metroferroviário. Compuseram a mesa o professor Júlio César Campos, o diretor de Ensino do Campus Santos Dumont, professor Fernando Caneschi, o professor da UFSJ José Antônio da Silva, a especialista em gestão da inovação da MRS, Mariana Mourão, o engenheiro do MetrôRio e coordenador do Grupo Permanente de Autoajuda na Área de Manutenção Metroferroviária (GPAA), Henrique Carou, o gerente de inovação ferroviária da Rumo, Rodrigo Rampinelli, e o vice-presidente técnico, cultural e de preservação da memória ferroviária da Associação de Engenheiros Ferroviários (Aenfer), Helio Suêvo Rodriguez (que doou livros sobre o setor ferroviário para o acervo da Biblioteca Acyr Loureiro Lima, do IF Sudeste MG, e também para estudantes sorteados).
Na parte final do seminário, foram apresentados seis trabalhos acadêmicos do NDF/MG, desenvolvidos em instituições de ensino participantes e financiados pela Fapemig. “Começamos o NDF com três instituições de ensino. Hoje são 13. Já temos projetos de pesquisa com resultados apresentados. Em um encontro recente no Rio de Janeiro (51ª Reunião do GPAA), mostramos esses resultados ao setor privado, que ficou muito satisfeito por compreender que as instituições de ensino estão efetivamente desenvolvendo pesquisa para o segmento ferroviário”, enfatiza o coordenador-geral do NDF/MG, professor Júlio César Campos.
Todas as atividades do II Seminário do NDF/MG foram mediadas pelo professor Roberto Willians, representando o Instituto da Qualidade Ferroviária (IQF) e a Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras.
Atuam em colaboração no NDF o Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), São João del-Rei (UFSJ), Viçosa (UFV), Uberlândia (UFU), Juiz de Fora (UFJF), Ouro Preto (UFOP), do Triângulo Mineiro (UFTM) e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), as Universidades Estaduais de Minas Gerais (UEMG) e Montes Claros (Unimontes), o Senai - Fiemg, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais e o Governo de Minas (por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade).
Estação Lab
Na Estação Lab, estudantes do curso técnico em Manutenção de Sistemas Metroferroviários e da graduação em Engenharia Ferroviária e Metroviária trabalharam durante a semana na construção de ideias inovadoras, economicamente viáveis e sustentáveis para o segmento a partir da utilização de energias alternativas e/ou renováveis. Com o apoio das concessionárias MRS e Rumo (tanto na avaliação quanto na premiação dos trabalhos), a competição gerou propostas criativas e factíveis.
A equipe que obteve a primeira posição foi “Terra Railway Solutions” (Gésio Costa, Júlia Santos, Juliana Toledo e Raphael Macedo), que propôs a captura responsável de dióxido de carbono (CO2) a partir do sistema de escape das locomotivas. “Aliamos economia circular e sustentabilidade, aproveitando o que já está sendo utilizado no mercado”, explica Raphael, estudante de Engenharia. “Nossa ideia é adaptar o que existe no modelo rodoviário de cargas europeu para o nosso transporte ferroviário. É uma solução totalmente factível, pois as locomotivas possuem espaço suficiente para captar o CO2. Além disso, com uma destinação correta do dióxido de carbono, sendo reaproveitado de outras formas”.
“Foi uma experiência totalmente diferente e muito gratificante para mim, também por esse intercâmbio entre o técnico em Manutenção de Sistemas Metroferroviários e a Engenharia Ferroviária e Metroviária”, relata Júlia, que trouxe contribuições fundamentais para a equipe a partir de sua vivência como aluna do curso técnico em Manutenção de Sistemas Metroferroviários. Os times “Eco Rail” e “GPY Solutions”, respectivamente segundo e terceiro colocados na Estação Lab, também foram muito bem avaliados e premiados na maratona. No início da semana, os grupos se capacitaram para o desenvolvimento de propostas com o apoio da jornalista e servidora do IF Sudeste MG Iara Nascimento e da estrategista digital Paula Bento, gerente de Educação na consultoria Youpix.
Gerente-geral de manutenção de locomotivas da MRS, Ricardo Veiga foi um dos avaliadores dos trabalhos e destacou a importância da produção de conhecimento ferroviário no país. “O Brasil está tentando resgatar o sistema de transporte metroferroviário, especialmente em termos de mobilidade urbana e transporte de cargas. Essas transformações trazem para todo o ecossistema de transporte ferroviário uma responsabilidade de criar soluções adaptadas à nossa realidade. É preciso resgatar o conhecimento ferroviário. Existe uma grande intenção de fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de soluções tropicalizadas (para o contexto brasileiro), também diante das transformações climáticas”, analisa.
Repercussão do evento
Ainda na perspectiva da aluna Júlia Santos, que está no último período de seu curso técnico, o Sisfer representa uma oportunidade de ampliar horizontes. "Foram palestras muito boas, com uma base essencial para nós, que buscamos ter um entendimento mais amplo sobre a ferrovia e outras áreas relacionadas a ela, já que não apenas ferroviários ministraram palestras. Essa oportunidade é um diferencial para a gente. Esperamos que haja mais edições!", comenta a estudante.